Após semana com pior ar em 22 anos, chuva deve voltar à capital paulista na sexta (27)
Qualidade péssima foi registrada na segunda-feira (24), segundo a Cetesb
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Desde 1999 que a capital paulista não registrava um "nível péssimo" na qualidade do ar como o desta segunda-feira (23), segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
E juntamente com o ar seco, os dois dias mais quentes do inverno ocorreram também entre terça (24) quarta (25), e podem ainda ser superados nesta quinta-feira (26), segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas), da Prefeitura de São Paulo.
A queda da temperatura, além de chuva, pode ocorrer a partir da sexta-feira (26), ainda segundo o CGE, aliviando a sequidão do ar.
Na segunda, segundo a Cetesb, a estação de Perus (zona norte da capital paulista), registrou uma qualidade péssima no ar, que em números correspondem a 200 microgramas de poluentes por metro cúbico. Um nível considerado aceitável de poluentes, ainda de acordo com a Cetesb, é de 40 por metro cúbico. Foi a primeira vez em 22 anos que a capital apresentou essa qualificação de qualidade do ar.
Segundo relatório da companhia ambiental, o Pico do Jaraguá e os arredores da marginal Tietê, ambos na zona norte, foram as regiões com a pior qualidade do ar, ainda até segunda (23).
Os índices ruins se devem, segundo o órgão, aos níveis de material particulado presente no ar, principalmente após o incêndio do Parque Estadual do Juquery, em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, que aconteceu na manhã deste domingo (22) e só foi extinto na terça.
“O fato de o vento predominante nesta data ter sido proveniente do quadrante norte, fez com que fosse observada em diversas localidades da região a presença de fuligem, constituída por material particulado de maior tamanho e que provoca incômodo e sujidade”, afirma a Cetesb, em nota.
O meteorologista do CGE Thomaz Garcia afirmou ao Agora que esta quarta-feira foi o segundo dia mais quente do inverno deste ano, com temperatura média de 31,8ºC na capital paulista. A maior temperatura absoluta, acrescentou, foi em Itaquera (zona leste), com 33,3ºC. "A maior temperatura média em 2021, em todo o dia [não importando a estação] foi em 30 de janeiro, com 33,7°C", afirmou Garcia. A máxima neste dia 30 foi 34,1°C, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a mais alta deste ano.
Garcia acrescentou "ser comum" a baixa umidade do ar nesta época do ano, além do efeito "gangorra", em que há oscilação de dias frios e quentes. "Desde a semana passadal a massa de ar seco ganhou força. Chamamos isso de bloquei atmosférico. Hoje [quarta] é o oitavo dia de temperaturas elevadas, mas na sexta isso já pode mudar", explicou.
Para esta quinta, a mínima prevista pelo CGE é de 18ºC, e a máxima, de 33ºC, com umidade do ar oscilando entre 20% e 75%. Já na sexta, as temperaturas vão de 16º C (mínima) até 21ºC (máxima), , com possibilidade de chuva isolada nos períodos da manhã e da tarde. A umidade relativa do ar no último dia útil da semana deve ficar 60% e 95%.
Pouco movimento
O tempo seco, aliado às altas temperaturas, fez o paulistano transpirar caminhando pela região central da cidade, com volume de pedestres constante, porém baixo em relação a períodos pré-pandêmicos.
Apesar do termômetro portátil levado pela reportagem marcar 30ºC, nenhuma pessoa foi avistada se refrescando com um sorvete, água, suco, ou qualquer outro recurso na região do Vale do Anhangabaú, por volta do meio-dia desta quarta.
Sob a sombra de uma árvore, porém, o músico Celso Sim, 52 anos, chamou a atenção, pois estava sentado sobre um pano, sem camisa, com máscara de proteção, e um livro.
Morador do centro, ele explicou que estava aproveitando o calor, "dentro do possível", na região. "Procurei um lugar para não incomodar as pessoas em situação de rua. Escolhi também ficar aqui [Vale do Anhangabaú], pois está com um fluxo baixo de pessoas", acrescentou.
Perto do canteiro onde o músico estava, outras pessoas também aproveitavam a sombra de árvores para fugir dos raios solares.
Aproveitando disso, o vendedor de água Robson Nery, 36 anos, resolveu empurrar seu carrinho, cheio de garrafas geladas, que garantiu vender até em dia de frio. "Água sempre vende e não dá problema [com fiscalização]. Sempre alguém compra uma garrafinha, até no frio. Mas em dias quentes como hoje a coisa melhora. Vou aproveitar enquanto o solzão estiver firme e forte, pra garantir o troco do fim de semana", afirmou.
Além do Vale do Anhangabaú, a reportagem também passou pela praça Roosevelt, também no centro, onde havia pouquíssimas pessoas, a maioria de passagem, caminhando sentido rua Augusta, famoso ponto boêmio da cidade.
Nesta via, diferentemente do período aglomerado de gente da noite e madrugada —em tempos sem Covid-19— mal se viam pedestres no início da tarde desta quarta-feira, da mesma forma que na avenida Paulista, região do Masp (Museu de Arte de São Paulo).
Apesar de constante, o fluxo de pessoas na avenida Paulista era pequeno. Praticamente ninguém se refrescava contra o calor e, menos ainda, usava roupas de frio, como as vendidas pela artesã Caroline Vieira, 33 anos.
Em dias quentes, como o desta quarta, ela até leva toucas de frio para expor, mas sabe que as chances de conseguir algum dinheiro com elas são bem pequenas. "Por isso, também vendo em dias quentes carteiras e outros itens, que não precisam do frio. Mas até agora [fim da manhã] não vendi um real ainda", disse.