Zona norte registra qualidade péssima do ar e São Paulo não apresenta região com índice positivo

Incêndio no Parque Estadual Juquery piorou situação da região metropolitana

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São Paulo

A capital paulista e a região metropolitana de São Paulo não apresentam uma localização com qualidade do ar boa, de acordo com o boletim da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) desta segunda-feira (23). Mais do que isso, a estação Perus (zona norte) apresenta índice péssimo, Osasco (Grande SP) muito ruim e outras dez regiões com qualidade ruim —contando litoral e interior paulista.

Os índices ruins se devem, segundo o órgão, aos níveis de material particulado presente no ar, principalmente após o incêndio do Parque Estadual Juquery, em Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, que aconteceu na manhã deste domingo (22).

“O fato de o vento predominante nesta data ter sido proveniente do quadrante norte, fez com que fosse observada em diversas localidades da região a presença de fuligem, constituída por material particulado de maior tamanho e que provoca incômodo e sujidade”, afirma, em nota enviada à reportagem.

Ainda segundo a Cetesb, desde o dia 18, a região metropolitana de São Paulo está sob atuação de uma massa de ar estável, quente e seca, predominando a qualidade moderada do ar. Pouco antes do incêndio, por exemplo, uma região estava com qualidade boa, 25 com moderada e apenas uma com qualidade ruim.

Nesta segunda, a capital paulista conta com 4 estações com qualidade ruim, a região metropolitana com duas, o interior paulista com 3 e o litoral com uma. Já no índice moderado, são 12 na capital, 7 na região metropolitana, 15 no interior e uma no litoral. Apenas 8 cidades do interior e duas do litoral apresentam qualidade boa.

Segundo especialistas, além do alto índice de poluição e do incêndio, o atual período de inverno —que acaba no dia 22 de setembro— contribui para a piora do clima.

“Esse período em geral já conta com pouca chuva e se você somar as condições, que já não são adequadas, como a poluição dos carros e os ventos fracos, com as queimadas, a qualidade do ar piora”, diz Maria de Fátima Andrade, do departamento de ciências atmosféricas do IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas).

O coordenador de projetos do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente), David Tsai, destaca que o atual clima dificulta a dispersão de poluentes.

“Geralmente em dias de céu azul e sem nuvens, o ar está em movimento descendente, os poluentes não se dispersam e ficam aprisionados no nível respirável. As queimadas ainda contribuem para piorar a qualidade do ar”, destaca David.

Na grande maioria dos índices ruins em São Paulo, o poluente MP2,5, que é um tipo de partícula que paira no ar, aparece como um grande vilão.

“É uma partícula muito pequena e super fina, mas danosa à saúde humana, já que adentra no sistema respiratório e pode chegar ao sistema circulatório. As queimadas são uma bomba desse material, que se espalha rápido”, afirma David Tsai.

Segundo Maria de Fátima Andrade, a melhora pode vir na próxima estação do ano, mas ainda vai ser tímida, principalmente contando com o retorno das pessoas às ruas.

“Se a primavera for próxima do que ela tem sido, teremos uma melhoria principalmente por causa das chuvas. Mas a longo prazo não vejo melhorias, principalmente porque acredito nas pessoas ignorando as condições climáticas em detrimento da economia”, destaca a especialista.

A Cesteb afirma que, com o incêndio controlado, espera uma melhora gradual da qualidade do ar, devendo voltar aos níveis antecedentes ao evento.

“Uma boa hidratação é sempre recomendável, ainda mais em um clima seco. O umidificador de ambiente, caso o dia esteja muito seco, pode ser usado em ambientes relativamente pequenos”, sugere João Marcos Salge, pneumologista do Hcor.

“É importante lavar bem as mãos, evitar contato com pessoas com sintomas, arejar os ambientes e, caso a pessoa já tenha doença prévia, ter um controle clínico satisfatório com seu médico”, completa o médico.

​Qualidade do ar | São Paulo

Índice Qualidade Capital RMSP Interior Litoral
0 - 40 N1 - Boa 0 0 8 2
41 - 80 N2 - Moderada 12 7 15 1
81 - 120 N3 - Ruim 4 2 3 1
121 - 200 N4 - Muito ruim 0 1 0 0
> 200 N5 - Péssima 1 0 0 0

Piores regiões

  • Péssima: Perus
  • Muito ruim: Osasco
  • Ruim: Capão Redondo; Cidade Universitária - USP-Ipen; Grajaú-Parelheiros; Marginal Tietê - Ponte Remédios; Carapicuíba; Taboão da Serra; Cubatão - V.Parisi; Araraquara; Jaú; e Ribeirão Preto

Fonte: Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo)

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