Descrição de chapéu clima

Incêndios em vegetação sobem 8,4% no estado de SP

Estiagem e tempo seco contribuem para eventuais alastramentos de fogo em áreas com mata, alertam bombeiros

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São Paulo

Os registros de incêndios em vegetação subiram 8,4% no estado de São Paulo neste ano, impulsionados com 7.063 casos em julho, segundo o Corpo de Bombeiros. A estiagem e o tempo seco, típicos do inverno, podem contribuir para eventuais altas de casos, acrescentou a corporação.

Entre janeiro e julho do ano passado foram atendidos 20.224 incêndios em vegetação no estado, ante 21.923 no mesmo período deste ano. Em agosto, entre os dias 1º e 10, foram registradas 3.327 ocorrências do tipo, representando quase 14 por hora.

O mês passado, no qual foram registrados 7.063 incêndios em vegetação, ajudou a alavancar os números de 2021. No mesmo mês do ano passado, ocorreram ao menos 4.633 ocorrências do tipo, representando alta de 52,4%.

“O aumento de incêndios é uma consequência direta das mudanças climáticas ocorridas no planeta. É importante que as pessoas tenham consciência disso, que precisa ser esclarecido para elas”, afirmou ao Agora, na tarde desta segunda-feira (16), Cláudia Habib Tofano, promotora do Gaema (Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente), do Ministério Público de Ribeirão Preto (313 km de SP).

Bombeiros combatem incêndio em vegetação, em 13 de setembro do ano passado, na região de São João da Boa Vista, Vargem Grande do Sul e Águas da Prata. - Divulgação/13 set. 2020/Corpo de Bombeiros

Ela acrescentou que uma “seca extrema” já ocorre no estado de São Paulo desde abril deste ano. “A falta de água, de chuva, está totalmente relacionada aos incêndios, que decorrem dos efeitos da mudança climática do mundo, onde eventos extremos serão cada vez mais frequentes”, acrescentou, referindo-se a um relatório do IPCC (siga em inglês para Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU), divulgado no último dia 9.

Pela urgência, a promotora de Justiça acrescentou que o tema permanecerá na pauta do Ministério Público “por um período.”

Com um verão mais seco neste ano, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o estado de São Paulo também registrou mais incêndios em vegetação no mês de fevereiro, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram, respectivamente, 1.152 e 398 casos, um aumento de 189%, segundo dados do Corpo de Bombeiros.

74% dos incêndios do estado ocorrem em vegetação

O total de incêndios registrados pelos bombeiros, incluindo de edificações e veículos, no primeiro semestre deste ano, foi de 19.989 casos. As 14.860 ocorrências em vegetação correspondem a 74,3% disso. A corporação não enviou dados sobre incêndios em edificações e veículos correspondentes a julho deste ano.

A tendência, porém, é a de que os registros de incêndios em vegetação aumentem até o fim do inverno, considerando os dados do ano passado referentes aos meses de agosto de setembro, além do fato de os bombeiros terem registrado mil chamadas para queimadas do tipo no estado, somente no dia 9.

Segundo dados da corporação, foram registrados 797 incêndios em vegetação em janeiro de 2020. Já em agosto, foram 5.214 e, no mês seguinte, 6.527, concentrando em setembro o maior número de casos do tipo no período.

A partir de outubro, porém, os números começam a declinar até que, em dezembro, despencam para 300 -- um reflexo do maior volume de chuvas, segundo o Inmet.

No primeiro mês deste ano, foram registrados 474 incêndios, sendo o mês de julho, até o momento, o com mais registros, totalizando 7.063.

Bombeiro combate incêndio em vegetação, em 13 de setembro de 2020, na região de São João da Boa Vista, Vargem Grande do Sul e Águas da Prata, no interior paulista - Divulgação/Corpo de Bombeiros

Ação humana é principal responsável pelo fogo, afirma bombeiro

Em períodos de estiagem, como o atualmente vivenciado no estado de São Paulo, a tendência é a de que aumentem as incidências de incêndios em vegetação, afirmou o capitão André Elias, porta-voz dos bombeiros.

“As baixas temperaturas e umidade do ar, aliadas, ajudam a preponderar as chances de que incêndios se alastrem mais facilmente [em vegetação]”, afirmou o oficial.

Ele ressaltou que a ação direto do homem, em grande parte dos casos, é a grande responsável pela origem de fogo, evoluindo para incêndios, como um de grandes proporções que ocorreu entre 1º e 15 de setembro do ano passado, destruindo uma vegetação, segundo a Defesa Civil, equivalente a 500 campos de futebol, na região de São João da Boa Vista (216 km de SP).

“Bituca de cigarro na beira da estrada, queimadas irregulares [feitas por agricultores], ou queimada de lixo, enfim, são inúmeras as causas primárias para originar o foco de um incêndio. Isso aliado a estiagem e baixa umidade do ar [que deixam a vegetação seca] ajuda o fogo a se espalhar mais rapidamente.”

Ele acrescentou que, assim como sempre é esperado para agosto e setembro, a tendência é a de que neste ano ocorram mais queimadas de vegetação entre os dois meses. Os dados contam com o reforço, acrescentou o bombeiro, da falta de chuvas e também do tempo seco.

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