Capital paulista antecipa censo da população em situação de rua para 2021

Levantamento estava previsto para 2023 e deve ter o resultado final divulgado em maio de 2022

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São Paulo

A Prefeitura de São Paulo, gestão Ricardo Nunes (MDB), vai antecipar a realização do censo da população em situação de rua para 2021 em decorrência da pandemia de Covid-19. Segundo a SMADS (Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social), o levantamento estava previsto para 2023.

Ainda segundo a pasta, não existe uma data prevista para a pesquisa, mas o resultado final deve ser divulgado em meados de maio de 2022. O pregão para contratar a empresa especializada na pesquisa censitária será realizado nesta quinta-feira (19).

Segundo Berenice Giannella, secretária municipal da SMADS, a medida é necessária para identificação dos impactos da crise sanitária nas pessoas em situação de rua e elaboração de políticas públicas, como subsídios, de acordo com os novos perfis dessas pessoas.

"Não só aumentou a população de rua, mas diversificou. Hoje você tem mais famílias na rua por conta do desemprego e da perda de moradia", diz Giannella.

Segundo a prefeitura, serão três etapas: a contagem, o perfil socioeconômico e identificação das necessidades desta população para elaboração de políticas públicas.

No último levantamento, feito pela Qualitest Ciência e Tecnologia LTDA, empresa do Espírito Santo, a cidade de São Paulo contava com 24.344 pessoas em situação de rua. Destas, 11.693 estavam acolhidas na rede socioassistencial e 12.651 em situação de rua.

Movimento e Padre Júlio Lancellotti criticam pregão

Presidente do MEPSR-SP (Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo), Robson César Correia Mendonça criticou a realização de um pregão para contratar a empresa responsável pelo censo.

“Eu não gostei do pregão. Eles desconsideram pessoas capacitadas que existem em São Paulo e que já conhecem a realidade da cidade”, disse o presidente, ao Agora.

A crítica é endossada pelo padre Júlio Lancellotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua de São Paulo. “Na última vez, a empresa que ganhou, fez um censo muito caro e deu um número bem aquém da realidade”, diz.

“O censo deveria ser feito por uma empresa de São Paulo por causa do menor preço e pela melhor qualificação, experiência e capacidade técnica”, completa o padre.

O presidente do MEPSR-SP diz que espera um censo que mostre a atual realidade da população em situação de rua. Segundo ele, no último levantamento, que apontou 24 mil pessoas nessa situação, o movimento acreditava em pelo menos 36 mil. Agora, o presidente acredita que o número chegue a 66 mil pessoas na capital paulista.

“O censo é bom porque deveria mostrar a realidade, mas, pela maneira que é feito, não mostra tanto assim. Espero que, para esse próximo censo, apresentem não só quantidade, mas também apontem gênero, cor, idade e famílias das pessoas”, completa.

O padre Júlio Lancellotti também defende a participação de um grupo em específico entre os recenseadores. “O censo precisa garantir que parte da equipe seja de pessoas que foram ou estão em situação de rua, e que seja mais aberto e participativo da sociedade civil”, afirma.

Cidade atende mais de 25 mil pessoas em situação de rua

Nesta quinta-feira (19), a Prefeitura de São Paulo inaugurou o Centro de Acolhida em Campo Limpo (zona sul da cidade) e chegou à marca de mais de 25 mil pessoas em situação de rua atendidas.

“Com a inauguração desse centro de acolhida com 200 vagas, passamos de 25 mil pessoas atendidas nos serviços de acolhimento em 104 locais na cidade de São Paulo”, diz o prefeito Ricardo Nunes.

No local, segundo a prefeitura, a pessoa acolhida é encaminhada ao leito, tem refeição e banho e é realizada uma escuta qualificada pela equipe técnica para elaborar um plano individual de atendimento. Há também encaminhamentos a outras políticas de saúde, documentação, trabalho, educação entre outros.

“Não é só um local físico que a prefeitura oferece às pessoas em situação de rua, mas um centro para acolher e de orientação para que as pessoas saiam dessa situação de rua, conseguindo sua independência e seu emprego”, afirma Nunes.

A SPTrans disponibiliza ônibus em pontos específicos do centro para transportar as pessoas até os Centros de Acolhida. Na Praça da Sé, que leva até o clube Pelezão, o transporte passa às 16h, 17h e 19h. E em direção ao clube Tietê, o transporte sai de três pontos: Pateo do Collegio -16h30 e 18h -, Praça Princesa Isabel - 18h - e Metrô Portuguesa-Tietê - 18h.

Além disso, a cidade estenderá até 30 de setembro deste ano o Plano de Contingência para Situações de Baixas Temperaturas, que reforça os trabalhos com a população em situação de rua sempre que a temperatura atingir um patamar igual ou inferior a 13ºC ou sensação térmica equivalente.

Até o último dia 16 de agosto, a equipe de assistência social realizou 1.390.409 de acolhimentos de pessoas em situação de rua e entregou mais de 50 mil cobertores.

A população pode ajudar as pessoas em situação de rua solicitando uma abordagem social por meio da Central 156 (ligação gratuita, opções 0 + 3), que funciona 24 horas por dia.

Resposta

Procurada pela reportagem, a SMADS (Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social) não respondeu até a publicação desta matéria.

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