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Com cinco anos de atraso e aglomeração, estação da CPTM é inaugurada na zona sul de SP

Batizada de Bruno Covas, no início, a parada da linha 9-esmeralda vai funcionar das 10h às 13h; meta é atender 15 mil pessoas por dia

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São Paulo

O início das operações na linha Mendes-Vila Natal, da linha 9-esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), foi anunciado pelo governador João Doria (PSDB), em meio a grande aglomeração de público, na manhã desta terça-feira (10). O local, no extremo sul da capital paulista, abre à população com horário reduzido, nesta quarta-feira (11).

De acordo com o governo estadual, a estação começa a funcionar "em operação assistida", das 10h às 13h, somente em dias úteis, com intervalos de cerca de 20 minutos entre os trens. "O período de testes é importante para monitorar a adequação dos equipamentos aos sistemas de sinalização já existentes", afirma a Secretaria Estadual de Transportes Metropolitanos.

Com cerca de cinco anos de atraso para sua inauguração, primeiramente prevista para 2016, a estação será chamada de Bruno Covas, segundo Doria, em homenagem ao prefeito da capital paulista, morto aos 41 anos, em 16 de maio, em decorrência de um câncer após longo período de tratamento.

A estimativa é que durante o período de testes, ainda sem prazo para terminar, circulem diariamente pelo local cerca de 15 mil pessoas.

O número de usuários, acrescentou o governo, tende a aumentar, conforme a estação comece a operar nos mesmos horários que outras linhas, das 4h à 0h.

Aglomeração de pessoas na inauguração da estação Mendes-Vila Natal, da linha 9-esmeralda, na manhã desta terça-feira (10), na zona sul de São Paulo - Rivaldo Gomes/Folhapress

O maior volume de passageiros também pode resultar em mais expansões da linha 9-esmeralda, previstas com a inauguração da estação Varginha, também na zona sul, para o primeiro semestre do ano que vem, segundo Alexandre Baldy, secretário estadual de Transportes Metropolitanos.

A reportagem circulou pela nova estação e verificou que ela é arejada, além de estar praticamente pronta. Os únicos indícios de obras eram alguns profissionais circulando com capacetes. Na parte externa, por exemplo, o bicicletário ainda é finalizado e também há algumas áreas isoladas com tapumes.

"Esta estação está pronta, em fun cionamento, mas é claro que sempre tem algum reparo a fazer como sinalização, [é] um processo normal em estação de metrô ou trem [novas]", explicou Doria, em coletiva de imprensa.

Atrasos na entrega das obras

A extensão da linha 9-esmeralda até o extremo sul da capital foi retomada em 2018, após o governo do estado obter financiamento junto ao governo federal.

O projeto, anunciado em 2011 e que teve as obras iniciadas em 2013, chegou a ser adiado em 2016, data prevista para entrega, por não conseguir receber recursos federais por causa de trâmites burocráticos, segundo a secretaria estadual. Na retomada do projeto, a estação recebeu novas datas para a inauguração que também acabaram não sendo cumpridas. Uma delas estava prevista para novembro de 2020. Depois, chegou a ser prometida para o dia 30 de junho.

A linha-9 esmeralda atende passageiros que circulam entre o Grajaú, na zona sul de São Paulo, e Osasco, na Grande São Paulo. Ao todo, tem 32,8 km.

A linha margeia em uma parte do seu traçado o rio Pinheiros. Ela se conecta às linhas 5-Lilás, na estação Santo Amaro, e 4-amarela, na estação Pinheiros, ambas do metrô, além da linha 8-diamante, nas estações Presidente Altino e Osasco, também da CPTM. Além disso, no futuro a ideia é que ela também faça ligações com a linha 17-ouro.

Centenas se aglomeraram em evento

Com nuances de campanha eleitoral, centenas de pessoas se aglomeraram para ouvir os pronunciamentos de deputados, de vereador, do governador e do prefeito de São Paulo na inauguração da estação da CPTM.

A chegada de Doria, por volta das 9h50, provocou ainda mais aglomerações, com pessoas abraçando o governador e tirando fotos. O tucano já foi diagnosticado duas vezes com a Covid-19, sendo a mais recente testagem positiva de 15 de julho.

O volume de pessoas foi tão grande que a reportagem presenciou grupos chegando em filas e se juntando ao público que acompanhou o evento. Alguns dos participantes empunharam faixas com os dizeres: "Brasil pra frente, Doria presidente". As pessoas usavam máscaras.

Para as autoridades chegarem ao palco onde ocorreram os discursos, foi necessário pedir, por meio de caixas de som, para que a multidão, sempre aglomerada, abrisse espaço.

No palco, antes de falar, o governador se juntou a mais pessoas, incluindo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), para tirar fotos, abraçar e trocar apertos de mão.

O tucano chegou a mencionar o grande volume de pessoas, durante sua fala. "Vocês [jornalistas] estão com o povo”, afirmou, pedindo em seguida para que as pessoas vacinadas contra a Covi-19 levantarem suas mãos, resultando em centenas de braços estendidos. “90% da população [acima de 18 anos] da capital já está com a primeira dose no braço “, acrescentou Doria —a Secretaria Municipal da Saúde disse, em nota, que a marca foi atingida nesta quarta, com 9.230.227 pessoas vacinadas.

Questionado sobre a aglomeração, durante coletiva de imprensa, o tucano não respondeu.

"Infelizmente, é algo natural", afirma secretário da Saúde sobre aglomeração

Ao Agora, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, que participou do evento de inauguração da estação, afirmou que as aglomerações ocorrem "eventualmente" em eventos públicos. "Infelizmente é algo natural", disse, sem mencionar o distanciamento social como medida protetiva contra o novo coronavírus, como é orientado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Gorinchteyn, que também é médico infectologista, ressaltou a importância de pessoas usarem máscaras de proteção, além de afirmar que a vacinação será "algo progressivo, para garantir a proteção de todos."

"Durante quase um ano não tomei a vacina e só usei a máscara, entrava em UTIs [Unidades de Tratamento Intensivo] e não me contaminei, ou seja, a máscara é uma proteção importante, e temos hoje aliado a isso a imunização. É óbvio que não queríamos que isso [aglomeração] acontecesse, mas muitas vezes, em eventos populares como este, nem a segurança consegue fazer a contenção [de público]", acrescentou.

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