Paulistano procura Pfizer em postos, mas é avisado para voltar mais tarde
Vacina é alternativa para quem deveria receber a segunda dose de AstraZeneca, em falta desde a semana passada
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A UBS (Unidade Básica de Saúde) Mooca 1, na zona leste da cidade de SP, registrou momentos de euforia e indignação na manhã desta segunda-feira (13). Enquanto o alívio podia ser vista nos olhos dos idosos aptos a tomar a terceira dose, o misto de chateação e preocupação era percebido na fisionomia de quem procurou pela segunda dose e ainda não pode se vacinar.
Com a ausência da AstraZeneca na cidade, algumas pessoas procuraram o posto de saúde na intenção de se imunizarem com a vacina da Pfizer. No entanto, ao chegarem ao local, eram avisadas que deveriam voltar após as 14h30, horário que um novo lote deveria chegar. O mesmo cenário também era visto na UBS Belenzinho, também na zona leste.
A Prefeitura de São Paulo começa a vacinar nesta segunda com imunizante da Pfizer as pessoas que não conseguiram tomar a segunda dose da vacina AstraZeneca contra a Covid-19, seguindo recomendação do governo estadual.
O problema, segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), atinge cerca de 340 mil pessoas, que desde a última quinta-feira (9) não conseguem completar o esquema de imunização, porque há falta da vacina produzida no Brasil pela Fiocruz.
Para retomar a imunização, a Secretaria Municipal da Saúde iria distribuir, na manhã desta segunda, 165 mil doses de vacinas da Pfizer, enviadas pelo governo estadual no sábado (11). Os imunizantes, porém, só devem chegar aos postos a partir das 14h.
Mesmo disponível nas unidades da Mooca e do Belenzinho, a vacina da Pfizer pela manhã só era disponibilizada para adolescentes que buscavam pela primeira dose ou para pessoas que haviam tomado a primeira dose da própria Pfizer.
Durante o período em que a reportagem esteve na UBS da Mooca, cerca de 20 pessoas que deveriam tomar a vacina da Pfizer no lugar da AstraZeneca voltaram para casa sem receber o imunizante.
Entre aquelas que não conseguiram se vacinar, estava o policial civil aposentado Joaquim Anselmo de Souza, 59 anos, que se disse indignado, já que tenta se imunizar desde quarta-feira (8). "O secretário [da Saúde, Edson Aparecido] falou para vir tomar, mas não falou horário. Vou voltar para casa. Não vou ficar fazendo bate-volta. Por que só a partir das 14 horas?", questionou.
Ele disse não ter medo em misturar os imunizantes AstraZeneca e Pfizer, uma vez que relatou acompanhar por reportagens estudos que mostram eficácia de ambas.
A prefeitura recomenda que as pessoas acompanhem a disponibilidade de segundas doses dos imunizantes por meio da plataforma "De Olho na Fila", serviço criado para mostrar como está a situação dos postos e se há vacinas (e de qual marca) para segunda dose.
Quem também reclamou por procurar a UBS e sair sem ser imunizado foi o caminhoneiro Gessé Bispo, 52. "Não posso voltar à tarde, porque terei de trabalhar", afirmou.
O homem contou que já poderia ser imunizado com a segunda dose na semana passada, mas que retornou apenas no domingo (12) de uma viagem.
O mesmo sentimento de frustração foi relatado pela professora Miriam Ferreira, 52, que buscou o posto por volta das 9h. "É chateação, é frustração e preocupação. É o trabalho em vir, porque [por] telefone você não consegue [informações]. É muito frustrante", disse.
Felicidade por mais uma dose
Se havia gente aborrecidas, a felicidade era presente na aposentada Maria Aparecida Cunha, 87. Sozinha, ela saiu de casa, também na Mooca, em busca da terceira dose, que começou a ser aplicada a idosos a partir de 85 anos nesta segunda. Assim que o imunizante foi aplicado, ela conversou com a reportagem. "Desde a primeira [dose] me sinto protegida. Mas, com a terceira, é melhor ainda. Eu sou velha forte", disse, sorrindo.
Questionada sobre andar sozinha, ela deu alguns passos, se virou para a reportagem e afirmou: "Meus neurônios estão todos ótimos."