Avião de Marília Mendonça bateu em linha de distribuição, diz Cemig
Especialista afirma que choque com fiação pode ter matado as vítimas ainda no ar
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A Cemig, empresa distribuidora de energia de Minas Gerais, confirmou em nota, na noite desta sexta-feira (5), que o avião bimotor que levava a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas atingiu uma linha de distribuição da companhia, localizada em Caratinga (cidade a 309 quilômetros de Belo Horizonte). O choque poderia ter provocado o acidente.
Além de Marília Mendonça, conhecida como a rainha da sofrência e uma das maiores vozes da música brasileira contemporânea, todos os outro quatro ocupantes da aeronave morreram no acidente na tarde desta sexta.
"A Cemig manifesta seu pesar pelas vítimas do acidente e presta solidariedade a familiares e amigos", informa a nota.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos), da Força Aérea Brasileira, a FAB, vai investigar o acidente.
A concessionária disse que o acidente aéreo chegou a provocar a interrupção no fornecimento de energia para cerca de 33 mil clientes nas cidades de Ipanema, Conceição de Ipanema, Taparuba, Pocrane, Mutum e São José do Mantimento.
Por volta das 21h30, a empresa afirmou que a energia já havia sido restabelecida em São José do Mantimento e Conceição de Ipanema, permanecendo interrompido para cerca de 24 mil clientes. A previsão era a de que o restabelecimento completo ocorra ainda nesta sexta.
Para o comandante George Sucupira, 81 anos, ex-presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves e atual conselheiro, da entidade, se de fato houve o choque contra a rede, as mortes podem ter ocorrido ainda no ar.
"Esse avião viaja em torno de 140 km/h a 160 km/h. Imagine que a aeronave parou de repente. Tudo que estava lá dentro foi jogado para cima deles. É muito pouco provável que esse choque os tenha matado", afirma.
Nesse contexto, segundo Sucupira, o cinto de segurança pouco ajudaria. "Ainda mais pelo fato dessa aeronave não ser nova [fabricada em 1984] e por isso, geralmente ter cinto ventral [que prende apenas o abdômen]", afirmou.
Segundo Sucupira, já foram emitidos Notans (espécie de boletins) informando que essa rede não estava bem sinalizada. Geralmente são usados balões da cor laranja, segundo o comandante para alerta.
"Quando você voa por cima, é impossível enxergar cabos. Nitidamente o avião sofreu danos que não permitiram ao piloto controlá-lo. Pode até ser que ele tenha tentando a aproximação, mas pelo que se vê nas imagens, não se sustentou", disse.
Procurada por intermédio de sua assessoria de imprensa para comentar o assunto, a Cemig não respondeu se a rede estava devidamente sinalizada ou não.
Outro ponto considerado estranho por ele é que nada foi notificado e a aeronave estava em boas condições.
Aeronave
Ex-coordenador de segurança de vôo do Sindicato Nacional de Empresas Aéreas, o comandante Ronaldo Jenkins afirma que o modelo C90A da Beechcraft Corporation (antigamente chamada de Beech Aircraft) é um modelo seguro.
"É uma boa aeronave e voa no mundo topo. Trata-se de um tipo de aeronave que não tem pontos fracos. Pelo contrário, é reconhecida pela sua alta qualidade e por ser robusta. Basta ver que a fuselagem não desintegrou", afirma.
A aeronave foi fabricada em 1984. Segundo o RAB (Registro Aeronáutico Brasileiro), o avião estava com o CVA (Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade) válido até julho de 2022 e tinha autorização para operar táxi-aéreo.
Pelos registros da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o avião foi adquirido em julho de 2020 pela PEC Táxi Aéreo.
Essa regularidade chama a atenção dos especialistas.
Falando em tese, o comandante Sucupira afirma que os únicos que deveriam estar usando os cintos de segurança eram os tripulantes. "Dá para concluir dessa forma pelo trabalho que as equipes tiveram para tirar os corpos. Percebe-se que os últimos dois ficaram presos", afirma.
Lamento
Em nota publicada em suas redes sociais, a PEC Táxi Aéreo lamentou o acidente.
"A empresa, assim que tomou conhecimento do ocorrido, acionou as autoridades competentes para a imediata promoção do resgate necessário", informa trecho do texto.
A empresa ressaltou que o avião envolvido no acidente estava devidamente homologado pela Anac para transporte aéreo e a tripulação tinha grande experiência de voo e também estava devidamente habilitada, com todos os treinamentos atualizados.
A PEC Táxi Aéreo informou ainda que as condições meteorológicas eram favoráveis.
"As causas do evento ainda são incertas e serão devidamente apuradas pelas autoridades aeronáuticas. A PEC se coloca à disposição das autoridades e prestará os devidos auxílios aos familiares das vítimas".