Descrição de chapéu Pix

Veja onde celulares são mais roubados e furtados na cidade de São Paulo

Pesquisa aponta que avenida Paulista concentra 1 em cada 10 furtos na capital

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São Paulo

Um estudo indica que os bairros do centro expandido e em áreas mais abastadas da cidade de São Paulo, como Bela Vista, Jardim Paulista, República, Pinheiros e Itaim Bibi, concentram a maior parte dos furtos de celulares. Já nos extremos da capital, em regiões mais pobres, como Capão Redondo, Campo Limpo, Grajaú, Jardim Ângela, São Mateus e Cidade Tiradentes, o que predomina é outra modalidade de crime, o roubo dos aparelhos.

Os dados fazem parte de um estudo produzido polo Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), feito a partir de análise dos 7.836 roubos e 6.765 furtos registrados nos boletins de ocorrência da SSP (Secretaria de Segurança Pública) e relativos ao mês de setembro na cidade de São Paulo.

"O fato de bairros mais nobres e centrais registrarem o predomínio do furto talvez ocorra porque nesses locais existe uma presença mais ostensiva da polícia. Já na periferia, a quantidade de policiais é menor em relação à população", afirma professor Erivaldo Costa Vieira, coordenador do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da Fecap.

Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que o policiamento será reforçado nessas regiões (leia mais abaixo).

O furto e roubo do celular estão no alvo da discussão das autoridades envolvidas com a segurança pública devido a ação de quadrilhas do Pix, que buscam obter dados das vítimas para fazer transferências.

Segundo o delegado Roberto Monteiro, titular da 1ª Seccional de Polícia Civil de São Paulo, que fica no centro, para tentar coibir a ação dos criminosos foi criada, desde janeiro de 2019, a operação permanente Mobile, que visa reprimir o furto, roubo e receptação de celulares na região central da capital.

Desde que foi criada até agora, foram apreendidos mais de 10 mil celulares. "É um trabalho constante e que ganhou incremento com a criação do Pix", afirma o delegado.

O furto geralmente não envolve ameaça ou violência. E, muitas vezes, a vítima só sabe quando vai procurar o objeto e não o encontra. No caso do roubo, há emprego de ameaça ou o criminoso precisa ultrapassar algum obstáculo com emprego de força para conseguir o que quer.

Avenida Paulista

Outro dado que chama a atenção na pesquisa da Fecap é que dos 6.765 furtos de celulares, 696 (10,28%) ocorrem em uma única via, a avenida Paulista, numa média de um aparelho furtado a cada 29 minutos. Ou seja, um em cada dez celulares furtados em setembro de 2021 em toda a cidade de São Paulo ocorreram em algum ponto dos 2,8 km de extensão da avenida mais famosa da cidade de São Paulo.

A Paulista também concentrou a maior parte dos roubos de celulares no mês de setembro deste ano. Foram 60, segundo a análise da Fecap. Quem ocupa o segundo lugar em roubo de celulares é a avenida Cruzeiro do Sul (que vai do centro à zona norte), e a avenida do Estado (via que percorre o centro até a divisa de São Caetano); ambas com 43 roubos cada. A gigante avenida Sapopemba (tem 45 km de extensão e fica na zona leste), vem logo em seguida, com 32 roubos.

Segundo o docente da Fecap, os números podem ser maiores do que os registros oficiais. Isso ocorre porque muitas vezes há inconsistência nas informações que se dão por falta de horário correto da ocorrência ou endereço, por exemplo.

Outro fator pode estar ligado ao desestímulo das pessoas em relação a recuperação do bem, no caso, o celular. "É ate justificável a subnotificação por fatores relacionados à motivação. As pessoas sabem que é muito improvável recuperar o bem roubado e, menos ainda, de ver os autores dos crimes presos", afirma o docente da Fecap.

Apesar disso, as polícias reforçam a necessidade de realizar os registros.

Repressão

Roberto Monteiro, delegado titular da 1ª Seccional de Polícia Civil de São Paulo, afirma que, se por um lado as transações bancárias foram agilizadas, por outro, os criminosos se valeram dessa mesma facilidade para obter valores das vítimas, inclusive em situações que as pessoas sofrem sequestros.

"O celular faz parte das nossas vidas e é uma ferramenta de trabalho, convívio social e obtenção de transporte. Porém, hoje, é o maior objeto de desejo dos criminosos. Antes tínhamos os batedores de carteira. Hoje, os de celular", afirma Monteiro.

Segundo o delegado, na região central, uma situação muito comum é a das pessoas que param para tirar selfies em pontos turísticos ou fotos de monumentos e, mesmo sem saber, acabam criando a oportunidade para os criminosos agirem.

Foi o que aconteceu na última terça-feira (16) com a operadora de caixa Luciany Ferreira, 34. Ela mora no centro e recebeu a visita da mãe, que é do Piauí. Um dos pontos visitados foi o viaduto do Chá. Por pouco ela não teve o iPhone novo da filha levado por três homens.

"Tinha um vendedor de água que avistou três homens vindo em nossa direção e avisou a gente. Eu conheço o local e estávamos lá tirando selfie. A gente guardou o celular e eles passaram olhando par a gente", afirmou.

A operadora de caixa Luciany Ferreira, 34, com o celular na mão, quase foi assaltada no viaduto do Chá ao tirar foto da família - Rivaldo Gomes/Folhapress

Dicas de segurança

Segundo o especialista em segurança Jorge Lordello, que durante 20 anos foi delegado de polícia e atualmente apresenta o programa "Operação de Risco", na Rede TV!, é fundamental que as pessoas entendam que o celular é, atualmente, o objeto mais roubado do país.

"As pessoas precisam pensar na segurança em relação ao uso do celular antes mesmo de saírem de casa. Desde o sapato que vão usar, passando pela roupa e bolsas", afirma o especialista.

Ele afirma que uma situação muito comum no comércio popular é a de criminosos esbarrarem em mulheres que usam salto alto, as desequilibrando para roubar o celular. "Eu já vi situações como essa até na Santa Ifigênia [rua famosa pela venda de produtos eletrônicos]", afirmou.

Segundo o delegado Roberto Monteiro, assim que furtam ou roubam os celulares, os criminosos os desbloqueiam e acabam usando dados que os próprios usuários deixam em seus celulares, tais como senhas bancárias anotadas em blocos de notas, cópias cartões na galeria de imagens e também documentos.

"Tudo isso, se cai em mãos erradas, possibilita a prática de golpes", afirma.

Lordello afirma que a maior parte das vezes que as pessoas acionam os celulares é para atividades de distração. "São atividades que você pode exercer quando estiver num local protegido e seguro", afirma.

Entre as recomendações, ele orienta que as pessoas evitem exibir os aparelhos em locais públicos, não usem fones de ouvido com fio (o que pode indica onde o celular está guardado), e que deixem o aparelho no modo vibratório, para evitar que o toque chame a atenção de criminosos.

"As pessoas criaram um vício de não desgrudar do celular. Muitas exigem o aparelho e não conseguem perceber que estão se expondo ao risco. O criminoso procura a oportunidade. Ele perambula a pé, de moto e de bicicleta procurando a vítima ideal", afirma.

Resposta

Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirma que serão realizadas ações de policiamento preventivo, ostensivo e de polícia judiciária nas regiões apontadas pela reportagem.

A pasta diz ainda que para evitar os roubos cometidos por criminosos em motos e celulares, PM (Polícia Militar) vem intensificando o patrulhamento da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas), e do Bikepol por meio de bicicletas comuns e elétricas.

"A Polícia Civil também tem realizado as operações Mobile e Desmanche para desarticular quadrilhas especializadas em roubo e furto de celulares e veículos, bem como coibir a receptação desses itens, o que resultou em um aumento de 6,6% no número de prisões no Estado", afirma trecho da nota.

Ainda segundo a SSP, em relação aos crimes patrimoniais, um fator que deve ser levado em consideração é que o ano de 2020 foi atípico devido as medidas sanitárias e restritivas que precisaram ser adotadas durante a pandemia da Covid-19.

"Na comparação de janeiro a setembro de 2021 com 2019, houve redução de 15% nos casos de roubo de celular, na cidade de São Paulo. No período, foram presos e apreendidos 30.254 criminosos, recuperados 10.140 veículos furtados e roubados, retiradas 1.898 ilegais das ruas e a Polícia Civil instaurou 67.361 inquéritos policiais para investigar crimes", informa a nota.

A pasta ressalta a importância das pessoas registrarem a ocorrência. "Não só para a investigação e prisão dos criminosos, mas, principalmente, para a orientação do policiamento nas áreas com maior incidência de casos", informa.

Roubos e furtos de celulares - em setembro de 2021

Bairros de SP com mais furtos
Bela Vista 558
Jardim Paulista 360
República 243
Pinheiros 207
Itaim Bibi 197
Bom Retiro 194
Consolação 152
Brás 144
Barra Funda 136
Vila Mariana 117
Bairros de SP com mais roubos
Capão Redondo 270
República 216
Campo Limpo 187
Grajaú 164
Jardim Ângela 157
Cidade Ademar 154
São Mateus 149
Cidade Tiradentes 134
Sapopemba 133
Jardim São Luis 131
As 10 vias de SP com mais furtos
Avenida Paulista 696
Praça da Luz 137
Avenida Cruzeiro do Sul 98
Avenida Auro Soares de Moura Andrade 91
Rua Augusta 84
Avenida Presidente Juscelino Kubitschek 60
Avenida Brigadeiro Faria Lima 55
Avenida Ipiranga 54
Rua Martim Burchard 51
Rua Peixoto Gomide 39
Avenida Rio Branco 39
As 10 vias de SP com mais roubos
Avenida Paulista 60
Avenida Cruzeiro do Sul 43
Avenida do Estado 43
Avenida Sapopemba 32
Avenida Rio Branco 31
Praça da Republica 29
Rua Augusta 28
Estrada de Itapecerica 28
Avenida Yervant Kissajikian 28
Estrada Do Alvarenga 28
Ranking das cidades - furtos
São Paulo 6.765
Santa Branca 362
Guarulhos 251
Campinas 229
Osasco 140
Santo André 136
São Bernardo Do Campo 112
Ribeirão Preto 108
Praia Grande 85
Santos 75
Ranking das cidades – roubos
São Paulo 7.836
Guarulhos 392
Osasco 366
Santo André 341
Campinas 338
São Bernardo Do Campo 328
Diadema 281
Itaquaquecetuba 159
Carapicuíba 152
Ribeirão Preto 144

Fonte: Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado)

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