Prefeituras da Grande SP montam ações de guerra contra dengue

Santana de Parnaíba, por exemplo, começou a usar drone para chegar com veneno a locais de difícil acesso

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São Paulo

Prefeituras de cidades da Grande São Paulo têm adotado estratégias para combate à dengue, algumas delas inéditas para a região, na tentativa de alcançar locais de difícil acesso.

Enquanto na capital, que registrou alta de mais de 200% nos casos neste ano em comparação a 2020, é utilizado um atomizador costal —um tipo de equipamento motorizado, que pulveriza por meio de um jato o veneno dispensado por uma mangueira e que vira uma cortina de nebulização em contato com o ar.

Em Santana de Parnaíba (Grande SP) um drone passou a pulverizar veneno na última quarta-feira (17) sobre uma lagoa.

Em Santo André (ABC), militares do Tiro de Guerra do Exército receberam capacitação no último dia 9. A cidade também treinou quase 800 brigadistas contra o mosquito.

Ao todo, praticamente todo o estado teve ações contra o mosquito e contra a doença desde o início da semana passada.

Agente da Secretaria Municipal da Saúde combate larvas do mosquito da dengue em pátio de carros abandonados na zona norte de São Palo - Zanone Fraissat/Folhapress

Em São Paulo, a prefeitura utiliza um larvicida biológico que, misturado à água, é inserido em um recipiente no equipamento motorizado, que é usado como uma espécie de mochila pelo funcionário responsável pela aplicação.

O Agora presenciou o uso do equipamento em um depósito da própria prefeitura, no bairro do Jaçanã (zona norte), onde estão amontoadas carcaças de veículos que foram recolhidos após serem abandonados pelas ruas do bairro.

De acordo com o biólogo Renato Sinnhofer Sugimoto, 41 anos, que trabalha na Uvis (Unidade de Vigilância em Saúde) do Jaçanã, é o maquinário é usado para lançar o larvicida em locais de difícil acesso, como no pátio, que tem automóveis um sobre os outros. "A técnica é importante porque consegue atingir locais onde não é possível visualizar as larvas, como entre os veículos", diz.

De acordo com Sugimoto, o larvicida utilizado é uma bactéria, que necessita ser ingerida pela larva. No entanto, o veneno, que é diluído em água, não tem poder de eliminar o mosquito adulto, que, além da dengue, também pode causar chikungunya, zika e febre amarela urbana.

"A utilização desse larvicida é, principalmente, em recipientes com água e que contenham larvas", afirma. "Mas não é do tipo, comeu e morreu, tem um tempo de ação."

O biólogo explica que os pontos considerados potenciais para a sobrevivência da larva, como ferros-velhos, borracharias e recicladores, recebem equipes a cada 15 dias, que é o tempo do ciclo entre a fase de larva e adulta.

Segundo os dados da Vigilância Epidemiológica das Arboviroses no município de São Paulo, até 3 de novembro, 7.172 casos de dengue foram registrados na cidade, um aumento de 254% em relação ao ano passado.

A zona norte da capital paulista é onde há mais confirmações de casos da doença em 2021. Segundo a secretaria, a região teve 1.874 casos. Ela é seguida pela zona leste com 1.701, pela zona sul com 1.540, sudeste com 1.200, oeste com 633 e, em último lugar, fica o centro da cidade com 210 registros.

Sugimoto afirma que os meses que antecedem o período mais quente são aqueles em que a atenção deve estar redobrada, não somente nos pontos considerados como potenciais para a infestação das larvas, como dentro das residências, evitando manter água parada em objetos. "É importante a ação no período pré-verão, para eliminar o criadouro e reduzir o número de larvas, evitando assim a explosão de casos no início do ano seguinte.

Ainda de acordo com a Prefeitura de São Paulo, a dengue apresenta, habitualmente, comportamento cíclico, com anos epidêmicos (duração de 1 a 2 anos) e anos interepidêmicos (duração de 2 a 3 anos). "Em 2019, último ano epidêmico de dengue na capital, foram registrados 16.815 casos, número 57% maior do que o verificado até o momento, que é de 7.172", afirma nota da Secretaria Municipal da Saúde.

Drone especial

O município de Santana de Parnaíba adquiriu um drone para pulverizar áreas de mata. O primeiro teste foi realizado na quarta-feira (17), quando foi feita uma pulverização na lagoa do Bacuri, na região de Alphaville, que possui cerca de 160 mil m².

Drone usado pela prefeitura de Santana do Parnaíba, na Grande SP, para pulverização no combate à dengue - Divulgação

Segundo a prefeitura local, a ação, que integra o programa "Xô Mosquito", é inédita na região. O uso de drones foi inspirado no Rio de Janeiro, que utilizou o equipamento para combater a dengue na região da lagoa Rodrigo de Freitas, durante as Olimpíadas de 2016.

Assim como na capital, o larvicida utilizado, que é um composto que não causa danos ao meio ambiente, é despejado em potenciais locais para a procriação dos mosquitos.

De acordo com a secretária municipal do Meio Ambiente e Planejamento, Veruska Carvalho, o objetivo da ação é o de controlar as larvas, sem agredir o meio ambiente. "Nós constatamos este ano que ocorreu um aumento da incidência de mosquito antes mesmo do verão", afirmou. A cidade não disponibilizou números para efeito comparativo.

Se aprovado, o projeto-piloto com drone será expandido para outras regiões de Santana de Parnaíba, de acordo com a prefeitura.

Drone usado pela prefeitura de Santana do Parnaíba, na Grande SP, para pulverização no combate à dengue, sobrevoa lagoa - Divulgação

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