Casos de dengue voltam a crescer na capital paulista

Aumento é de 254%, em comparação com 2020; zona norte registra a maior incidência da doença

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Mariane Ribeiro
São Paulo

Dados do Boletim Epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde e do Boletim de Arboviroses mostram que os casos de dengue voltaram a crescer em toda a cidade de São Paulo em 2021.

Segundo os dados da vigilância epidemiológica das arboviroses no município de São Paulo, até o dia 3 de novembro, 7.172 casos foram registrados na cidade.

A zona norte da capital paulista é região que registrou a maior incidência de casos da doença em 2021. Segundo a Secretaria de Saúde, a região teve 1.874 casos. Ela é seguida pela zona leste com 1.701, pela zona sul com 1.540, sudeste com 1.200, oeste com 633 e, em último lugar, fica o centro da cidade com 210 registros.

Os bairros da zona norte, por sinal, encabeçam a lista dos cinco com maior incidência até o momento. O Cachoeirinha vem em primeiro com 382 casos, em segundo, a Brasilândia, com 308. Em terceiro lugar vem o Jardim São Luis, na zona sul, que registrou 286 casos no ano e, em quarto, Cidade Líder, na zona leste, com 264. Cidade Tiradentes, também na zona leste, foi o quinto, com 254 casos.

Agente distribuiu folheto informativo para os usuários do Terminal Jabaquara, ma zona sul de SP - Rivaldo Gomes/Folhapress

Os números apontam que os registros de casos voltaram acrescer na capital paulista após um ano de queda. Em 2020, 2.026 casos foram registrados. Já em 2019, 16.996 casos foram contabilizados.

Nenhuma morte foi registrada em 2021 até o momento. Em 2020, uma pessoa morreu por causa da doença e, em 2019, foram três vítimas.

"A dengue apresenta, habitualmente, comportamento cíclico, com anos epidêmicos (duração de 1 a 2 anos) e anos interepidêmicos, (duração de 2 a 3 anos)", afirmam a Secretaria Municipal da Saúde e a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa)

Ainda segundo a secretaria, o ano de 2020 não pode ser utilizado como parâmetro para comparações dos casos de dengue porque o isolamento social imposto pela pandemia trouxe uma situação atípica de baixa circulação de pessoas e queda acentuada no número de casos.

"A concentração de cidadãos em suas residências, evitando a procura pelos serviços de saúde, mesmo com possíveis sintomas, teve reflexo direto no número de notificações da doença. Pode ter havido, portanto, uma subnotificação", afirma a secretaria em nota.

A cidade de São Paulo também registrou um aumento no número de casos de Chikungunya. Enquanto em 2019 e em 2020 foram registrados, respectivamente, 2 e 1 casos, até outubro deste ano, foram 63, segundo a prefeitura.

Apesar da curva ascendente na capital, o estado registrou queda no número de casos de dengue neste ano, em comparação com o ano passado.

Segundo dados do governo do estado, São Paulo teve, em 2021,137,7 mil casos de dengue, enquanto, em 2020, os registros chegaram a 192,7 mil.

Com o objetivo de conscientizar a população sobre os cuidados necessários para prevenção à dengue, o governo está realizando a Semana de Mobilização contra o Aedes aegypti e escorpiões.

Ação da EMTU

Na trilha da conscientização, a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), em parceria com a Unidade de Vigilância em Saúde Vila Mariana, realizou nesta terça-feira (9) uma ação de combate e prevenção à dengue.

A ação aconteceu das 9h às 12h no Terminal Jabaquara, na zonal sul da capital. Segundo a EMTU, cerca de 200 pessoas receberam as orientações dos seis profissionais que participaram do evento.

"Foram distribuídos folhetos informativos e orientações aos passageiros. Eles também podiam ver amostras de larvas vivas em uma demonstração dos ciclos da vida do mosquito, que se reproduz em locais de acúmulo de água", afirma EMTU.

Vanessa Patrícia da Silva, de 34 anos, foi uma das pessoas que passou pelo terminal na manhã desta terça-feira (9) e parou para ouvir as palavras dos agentes.

Vanessa conta que já teve a doença e que, após o episódio, passou a tomar mais cuidado e se interessar pelo tema. "Eu tive dengue há mais ou menos dez anos. Não fui internada, mas fiquei muito mal. Tive muita dor no corpo, febre, dor nos olhos, dor de cabeça", afirma.

Segundo ela, sua família toma todos os cuidados para não deixar juntar água parada em casa. "Os vasos das minhas plantas não têm pote embaixo, nem nada que junte água. Não deixamos nenhum objeto assim que possa acumular água e também tomamos cuidado com a caixa-d’água, ela está sempre bem tampada", afirma Vanessa.

Atualmente desempregada, ela conta que, até pouco tempo, trabalhava na área de limpeza do AMA Parelheiros, que fica na zona sul de São Paulo. Vanessa diz que notou uma alta circulação de pacientes com dengue na unidade neste ano.

"Via muita gente chegando lá com dengue. Acho que o pessoal pensou tanto na pandemia que acabou descuidando de outras doenças como a dengue", afirma Vanessa.

A doença

A dengue é uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

Períodos quentes e chuvosos como a primavera e o verão apresentam as condições ideais para a proliferação deste mosquito, que também é o transmissor de outras doenças, como a zika e a chikungunya.

A dengue pode causar sintomas que vão de febre, dor de cabeça, dores pelo corpo e náuseas até manchas vermelhas, sangramentos, dores abdominais e vômitos.

A melhor forma de evitá-la é combater focos de acúmulos de água parada para que estes não se transformem em criadouros do mosquito.

Equipes de Vigilância de Saúde realizam fiscalizações na tentativa de combater o problema e conscientizar os cidadãos. Quando um caso é detectado, o proprietário do local recebe uma advertência e, caso o problema não seja resolvido, pode ser aplicada uma multa de R$ 250 para pessoa física e de R$ 1.000 para pessoas jurídicas. O valor pode dobrar em caso de reincidência.

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