Viaduto onde pedestre foi arremessado por carro, no centro de SP, continua sem proteção
Homem morreu na última sexta-feira (5) após ser atropelado e cair do viaduto do Gasômetro
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A Prefeitura de São Paulo não tem previsão para instalar novas grades no viaduto do Gasômetro, no Brás (região central da capital paulista), onde um homem morreu após ser atingido por um veículo e foi arremessado para uma rua paralela na tarde da última sexta-feira (5).
Como forma de proteção momentânea, a gestão Ricardo Nunes (MDB) colocou tapumes, além de manter uma faixa da pista para quem vai para o centro bloqueada com cones e fitas zebradas. Pedaços de blocos de concreto que resistiram ao impacto da batida também continuam no local. De acordo com a administração municipal, a colocação de grades, removidas após furtos ou atos de vandalismo, está em processo para contratação da manutenção, mas não mencionou prazos.
O ponto exato onde a vítima foi atropelada pelo motorista do Volkswagen SpaceFox prata, um homem de 40 anos que fez aniversário naquele dia e confessou ter bebido e "pegado no sono" enquanto dirigia, segundo o boletim de ocorrência, já estava sem grades de proteção há pelo menos um ano, conforme relato de pessoas que conversaram com o Agora.
Segundo elas, além dos acidentes provocados pelos automóveis que por ali transitam, o elevado é alvo constante de ladrões, que furtam as grades com a intenção de vender para ferros-velhos.
Todos os entrevistados apontaram que, até antes do acidente, o isolamento era feito apenas por blocos de concreto, o chamado malotão, e por algumas fitas. Agora, após a morte de Ricardo Freitas Santiago Rodrigues, 27 anos, que caminhava pela calçada no momento do atropelamento, foram colocados os madeirites.
Mesmo com a instalação dos tapumes, a prefeitura não bloqueou o acesso de pedestres, que continuam transitando normalmente em direção ao largo da Concórdia ou a rua do Gasômetro. Alguns deles, mais precavidos, preferem utilizar o passeio do outro lado.
A reportagem esteve no viaduto do Gasômetro na manhã desta segunda-feira (8) e ouviu de quem passava por ali que a falta de grades é antiga, algo em torno de um ano, logo após um outro acidente arrancar uma parte dos ferros. A partir daquele dia, ladrões passaram a rondar o elevado e furtar os objetos, caso semelhante a um outro viaduto da região, o maestro Alberto Marino, que já foi tema de matéria recente do Agora.
O comerciante Neilon Fonseca Gomes, 45 anos, disse que passa diariamente pelo viaduto e que toma todos os cuidados para não sofrer um acidente. "É horrível. É um perigo constante. Um descaso da prefeitura. Tem que fazer uma reforma, está todo enferrujado".
Quem também vê de perto tudo que acontece no local é o vendedor Ildo Menezes, 49, que mora em um apartamento nas proximidades. "Tem que trocar essas grades por uma mais reforçada. Tem que colocar coisa melhor. Aqui está abandonado, não se vê melhoria em nada".
Para ele, é necessário uma melhor sinalização para os automóveis que deixam o largo da Concórdia rumo ao centro. "Aqui é muito perigoso, os carros passam muito rápido".
Para João Batista, 41, que possui um comércio bem em frente ao ponto onde o homem caiu após ser atropelado, é necessário a colocação de duas grades, uma que separe a pista da calçada e uma outra que proteja os pedestres de caírem para a parte de baixo.
O acidente
Segundo o boletim de ocorrência elaborado pelo 8° DP (Brás), eram por volta das 12h30 quando populares acionaram a GCM (Guarda Civil Metropolitana) sobre um acidente com vítimas. Assim que chegaram ao local, os guardas narraram ter encontrado uma pessoa caída na rua paralela e uma outra pessoa ainda dentro do veículo, que estava pendurado no viaduto.
Rodrigues, que havia sido atropelado e despencou do viaduto, ainda chegou a ser socorrido a um hospital, mas não resistiu.
A outra vítima, que estava no banco do passageiro do veículo causador do acidente, também se machucou, sendo socorrida, mas sem ferimentos graves.
Ainda de acordo com trecho do boletim de ocorrência, foram encontradas garrafas de bebida alcoólica vazias dentro do porta-malas do veículo, no que seu condutor informou que era para seu uso comercial, pois é dono de adega.
Questionado pelos GCMs no local dos fatos sobre o que teria motivado o acidente, o motorista alegou que uma motocicleta o havia fechado e, ao tentar desviar, atingiu Rodrigues.
No entanto, já na delegacia, o homem confirmou ter ingerido bebida alcoólica, porém, muitas horas antes do atropelamento. Em seu depoimento, ainda segundo o documento da Polícia Civil, o condutor sustentou que não estava bêbado quando do acidente, mas que acredita ter pegado no sono por segundos e assim perdeu o controle do veículo. Ainda de acordo com versão apresentada por ele na delegacia, não teria ligado para o socorro, pois seu celular estava sem bateria.
O condutor não se recusou a fazer o teste do bafômetro, que apontou a quantia de 0,33 decigramas de álcool por litro de ar alveolar.
Mesmo preso em flagrante, a Justiça decidiu que o homem vai poder responder em liberdade. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de São Paulo, ele deve respeitar algumas restrições. Entre elas: comparecimento bimestral em Juízo para informar e justificar suas atividades; proibição de frequentar bares e locais e reputação duvidosa; recolhimento domiciliar no período noturno, além da suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor enquanto durar o eventual processo.
Em caso de desrespeito das medidas, ele pode ter revogado o benefício de responder ao processo em liberdade.
Outro lado
Em nota, a prefeitura informou que o viaduto do Gasômetro está com sinalização implantada para resguardar o trânsito de pedestres pela faixa da esquerda desde o dia 2 de outubro. A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) explicou que a medida foi adotada em razão da colocação dos blocos de concreto sobre a calçada, onde o gradil foi furtado/vandalizado.
Ainda de acordo com a gestão municipal, o veículo envolvido no acidente invadiu a área sinalizada, subiu sobre a calçada, atingindo um pedestre e colidindo com o bloco de concreto, derrubando-o.
Sobre os reparos, a Siurb (Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras) sustentou que, ciente dos episódios de furtos e vandalismo contra as grades de proteção das pontes e viadutos da cidade, "está trabalhando no processo para a contratação de serviços de manutenção e recomposição dos gradis das estruturas". Enquanto as grades fixas não são colocadas, "a Subprefeitura Mooca também instalou tapumes para isolar a área e promover mais segurança para quem circular no local."