Propina olímpica

Há um bom tempo passou a ser difícil acreditar em qualquer palavra dita por Sérgio Cabral. Hoje preso, o ex-governador do Rio de Janeiro já foi condenado a quase 200 anos de cana e corre o risco de ver esse impressionante número crescer ainda mais.

Sérgio Cabral admite ao MPF que recebeu propina durante seu governo no RJ - 25.fev.19/Reprodução TV Globo

Com isso, é preciso pensar diversas vezes antes de carimbar como verdadeiras as graves declarações dadas por ele, na quinta-feira (4), ao juiz Marcelo Bretas.

O caso da vez envolve o suposto pagamento de US$ 2 milhões em propina a Lamine Diack para comprar votos favoráveis à candidatura do Rio como sede da Olimpíada de 2016. À época, o senegalês era presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo. 

Também estariam envolvidos no cambalacho os ex-atletas Alexander Popov, da Rússia, e Sergei Bubka, da Ucrânia, medalhistas e integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI). 

O plano teria partido de Carlos Arthur Nuzman. No caso do ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), além da acusação de Cabral, existe o fato de ele e seu braço direito na organização do evento, Leonardo Gryner, terem sido presos na investigação das supostas propinas. O ex-cartola nega tudo.

Lula e Eduardo Paes teriam sido informados do esquema, mas sem participar dele, na versão de Cabral. Tanto o ex-presidente quanto o ex-prefeito do Rio dizem que não souberam de nada. 

Apesar de todo o descrédito que o ex-governador carrega, não são descartáveis os sinais de que a capital fluminense possa ter recebido um indevido empurrãozinho para derrotar outras cidades. 

Com o que se viu até aqui, o Brasil está exposto a um vexame internacional. Que o caso seja apurado com rigor.

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