Vírus eleitoral

Na política, toda crise é uma oportunidade. E não seria diferente desta vez com a pandemia do coronavírus, que permite avaliar com clareza o comprometimento de diversas autoridades.

Jair Bolsonaro chegou a usar termos como "histeria" e "gripezinha" e ainda foi irresponsável ao participar de ato contra o Congresso. Depois, ao menos, começou a reconhecer a emergência.

Já o ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) conduz um trabalho considerado técnico, enquanto os governadores assumiram o papel de gestores.

O resultado aparece na pesquisa Datafolha publicada na segunda (23). Ali, Bolsonaro tem 35% de aprovação a seu trabalho na crise --ante reprovação quase idêntica, de 33%. Em comparação, governadores (cada entrevistado avaliou o de seu estado) têm 54% de menções positivas, e a pasta da Saúde, 55%.

Embora presepadas recentes do presidente mereçam ampla reprovação, nem tudo é má notícia para ele.

Ainda que os dados dessa pesquisa não possam ser diretamente comparados com os de outras, por terem sido colhidos por telefone, os 35% de aprovação parecem compatíveis com o apoio médio que Bolsonaro vinha registrando com levantamentos feitos na rua.

Já entre aqueles maior, faixa em que o presidente sempre teve maior popularidade, a reprovação à sua atuação é de 51%. O dano à imagem é evidente, a começar pelos panelaços em áreas nobres.

Na via oposta, governadores que miram o Planalto na eleição de 2022, como João Doria (PDSB-SP) ou Wilson Witzel (PSC-RJ), terão de encontrar um ponto de equilíbrio se não quiserem ver suas ações contra a pandemia confundidas com meras peças de campanha eleitoral.

O presidente Jair Bolsonaro, durante pronunciamento à imprensa sobre as medidas tomadas contra a epidemia do coronavírus, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira - 18.mar.20/Folhapress

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