As autoridades de saúde acreditam que este mês de maio registrará o pico de infecções pelo novo coronavírus no Brasil. É natural, portanto, que se questionem as medidas de isolamento social aplicadas por todo o país.
A experiência internacional tem revelado diversos graus de fechamento e de reabertura da sociedade para o controle da curva da pandemia. Não há solução milagrosa, mas uma coisa é certa: é a única saída possível enquanto vacinas e remédios eficazes não chegam.
No Brasil, o debate foi prejudicado pela insistência de Jair Bolsonaro em menosprezar a Covid-19. Com 6.329 mortos até sexta-feira (1º), o presidente consegue rebaixar seu patamar de humanidade e compreensão a cada semana.
Na terça passada, foi questionado sobre o fato de o país ter ultrapassado a China, berço da crise, em número de óbitos. "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?", foi a pérola emitida por Bolsonaro.
Na quinta, ele afirmou que as restrições impostas por prefeitos e governadores haviam sido inúteis, apesar de haver uma correlação entre elas e o ritmo da pandemia. No 1º de Maio, ainda desejou que todos voltassem ao trabalho.
Não se imagina imagem pior a ser associada a um político. No Brasil, o titular do Planalto é responsabilizado por quase tudo, e ele provavelmente o será pelas pilhas de caixões e sacos com corpos.
Parte da redução do apoio às quarentenas também será debitada em sua conta. Um estudo já apontou que, quando o presidente despeja suas tolices, o isolamento cai mais em seus redutos.
Enquanto isso, autoridades mais sérias se preparam para o pior. Na capital paulista, por exemplo, já se cogita o endurecimento das regras de isolamento.
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