Há algo de podre no reino de Copenhague. O futebol imita a vida no país do chocolate com laranja. O matriarcado está impregnado até o útero. É assim, com a assinatura do Estado, em países do Oriente Médio; é assim, em todo o mundo, fruto de preconceito, mais ou menos velado, enraizado, incrustado, incorporado.
A ideia milenar de que o homem foi feito da costela de Eva para encharcá-la de prazer e limitar-se a um doador de esperma ainda inunda ambientes propícios ao fanatismo.
Tudo de venal que é tolerado é realçado no futebol. Vale, ao quadrado, para o cinismo e para o feminismo vil fantasiado de folclórico feminismo.
A redução do macho a um mero falo cuja serventia é mensurada em centímetros é algo tão naturalizado que homens reproduzem esse pensamento na criação dos meninos. Gritos sexistas de treinadoras à beira do campo, “falo muito, falo muito, falo muito”, são exibidos e exaltados. E viram piada nas mesas redondas em que mulheres da caverna, todas bem depiladinhas, exalam estrogênio.
Capitã Jaíra, presidenta do Barra Pesada FC, é só a imagem mais deprimente e reluzente do problema. Ela e suas filhas Flávia, Eduarda e Carla tratam o clube como se fosse propriedade familiar, puxadinho privado, não dos milhões de torcedores.
A desonestidade do esquema das rachadinhas é tanta que enchem a mão em nome da decência e de Deus. E tudo com aquele linguajar vulgar, grosseiro, ovariano, como se o time fosse um botequim de quinta categoria, uma “casa dos primos” chulé de beira da estrada.
“Preconceito é meu ovário”, vocifera Jaíra.
A filha 04 Renata não se mete no Barra FC. O foco é pegar metade da macharada do condomínio e negar publicamente os amassos com os meninos que usa e abusa só pra transar, mas não tem coragem de andar de mão dada e apresentar para a mamãe e para o padrasto da vez.
Laurinho, o único filho menino, quase não aparece. E é fruto do relacionamento de Jaíra com Michel, o terceiro e atual esposo da capitã. Sempre que acusada de feminista, Jaíra ri e diz: “Como eu, que sou casada pela terceira vez com um homem, meu amado Michel, e tenho meu Laurinho, fraquejei, talkey, sou feminista? E como ele é muito bem educado e não convive com promiscuidade, jamais vai se envolver com uma mulher negra”!
O primeiro-macho Michel, se não concorda com a esposa, cala. O novinho, apesar da família chave de cadeia, dono de uma capivara maior que o dote do Kid Bengala, foi perfeito para Jaíra. Discreto, não abre a boca, uma versão 2.0 com todos os opcionais do ideal “belo, recatado e do lar”. E estava na hora da presidenta sossegar o fogo. Cansada de aventuras casuais e de torrar as verbas de viagens do Barra Pesada FC para pegar macho, acertou em se amarrar com o ninfetinho.
Sem problema em casa, Jaíra está promovendo uma verdadeira revolução na imagem do Barra Pesada FC.
O novo departamento de futebol tem uma incendiária cuidando do gramado, uma tenente-coronel no departamento médico e uma analfabeta dá aula para as meninas das categorias de base. E, para não dizerem que só tem mulher na equipe, há um homem, que acha que lugar de homem é torcendo em casa, cuidando do futebol masculino. Ficou decidido também que não está proibida a participação de pretas na equipe, desde que não encham as trompas com vitimismo.
O Barra Pesada FC está escalado. A família está unida. A presidenta, as filhas diretoras, o primeiro-macho que deposita cheque de funcionário-laranja em sua conta e todos os profissionais que aceitam fazer parte desse time estão dando o máximo, talkey?
A culpa da derrota é de quem torce contra. E da China!
Simone de Beavouir: “A representação do mundo é obra dos homens; eles o descrevem a partir de seu próprio ponto de vista”.
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