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Caneladas do Vitão: Esquema das rachadinhas

São Paulo

Há algo de podre no reino de Copenhague. O futebol imita a vida no país do chocolate com laranja. O matriarcado está impregnado até o útero. É assim, com a assinatura do Estado, em países do Oriente Médio; é assim, em todo o mundo, fruto de preconceito, mais ou menos velado, enraizado, incrustado, incorporado.

A ideia milenar de que o homem foi feito da costela de Eva para encharcá-la de prazer e limitar-se a um doador de esperma ainda inunda ambientes propícios ao fanatismo.

Tudo de venal que é tolerado é realçado no futebol. Vale, ao quadrado, para o cinismo e para o feminismo vil fantasiado de folclórico feminismo.

A redução do macho a um mero falo cuja serventia é mensurada em centímetros é algo tão naturalizado que homens reproduzem esse pensamento na criação dos meninos. Gritos sexistas de treinadoras à beira do campo, “falo muito, falo muito, falo muito”, são exibidos e exaltados. E viram piada nas mesas redondas em que mulheres da caverna, todas bem depiladinhas, exalam estrogênio.

charge da coluna caneladas do vitão do dia 27 de junho
Cláudio Oliveira

Capitã Jaíra, presidenta do Barra Pesada FC, é só a imagem mais deprimente e reluzente do problema. Ela e suas filhas Flávia, Eduarda e Carla tratam o clube como se fosse propriedade familiar, puxadinho privado, não dos milhões de torcedores.

A desonestidade do esquema das rachadinhas é tanta que enchem a mão em nome da decência e de Deus. E tudo com aquele linguajar vulgar, grosseiro, ovariano, como se o time fosse um botequim de quinta categoria, uma “casa dos primos” chulé de beira da estrada.

“Preconceito é meu ovário”, vocifera Jaíra.

A filha 04 Renata não se mete no Barra FC. O foco é pegar metade da macharada do condomínio e negar publicamente os amassos com os meninos que usa e abusa só pra transar, mas não tem coragem de andar de mão dada e apresentar para a mamãe e para o padrasto da vez.

Laurinho, o único filho menino, quase não aparece. E é fruto do relacionamento de Jaíra com Michel, o terceiro e atual esposo da capitã. Sempre que acusada de feminista, Jaíra ri e diz: “Como eu, que sou casada pela terceira vez com um homem, meu amado Michel, e tenho meu Laurinho, fraquejei, talkey, sou feminista? E como ele é muito bem educado e não convive com promiscuidade, jamais vai se envolver com uma mulher negra”!

O primeiro-macho Michel, se não concorda com a esposa, cala. O novinho, apesar da família chave de cadeia, dono de uma capivara maior que o dote do Kid Bengala, foi perfeito para Jaíra. Discreto, não abre a boca, uma versão 2.0 com todos os opcionais do ideal “belo, recatado e do lar”. E estava na hora da presidenta sossegar o fogo. Cansada de aventuras casuais e de torrar as verbas de viagens do Barra Pesada FC para pegar macho, acertou em se amarrar com o ninfetinho.

Sem problema em casa, Jaíra está promovendo uma verdadeira revolução na imagem do Barra Pesada FC.

O novo departamento de futebol tem uma incendiária cuidando do gramado, uma tenente-coronel no departamento médico e uma analfabeta dá aula para as meninas das categorias de base. E, para não dizerem que só tem mulher na equipe, há um homem, que acha que lugar de homem é torcendo em casa, cuidando do futebol masculino. Ficou decidido também que não está proibida a participação de pretas na equipe, desde que não encham as trompas com vitimismo.

O Barra Pesada FC está escalado. A família está unida. A presidenta, as filhas diretoras, o primeiro-macho que deposita cheque de funcionário-laranja em sua conta e todos os profissionais que aceitam fazer parte desse time estão dando o máximo, talkey?

A culpa da derrota é de quem torce contra. E da China!

Simone de Beavouir: “A representação do mundo é obra dos homens; eles o descrevem a partir de seu próprio ponto de vista”.

Vitor Guedes
Vitor Guedes

43 anos, é ZL, jornalista formado e pós-graduado pela Universidade Metodista de São Paulo, comentarista esportivo, equilibrado e pai do Basílio

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