Falta gás de botijão nas distribuidoras de São Paulo e os consumidores já sentem no bolso o aumento de preços durante a quarentena para conter o contágio do novo coronavírus. Na capital paulista, clientes reclamam que precisam ficar em filas nas portas de diversos estabelecimentos da cidade, mesmo com medo de contágio, e enfrentam grande dificuldade para conseguir encontrar o produto por telefone ou mesmo via aplicativos de entrega.
A reportagem tentou comprar um botijão de gás de 13 quilos por telefone em mais de 40 revendedoras localizadas nas regiões de Cidade Ademar, Cidade Tiradentes, Penha, Brasilândia, Bela Vista, Pinheiros, Perus, São Mateus e Jardim Ângela, mas não teve sucesso. No total, 38 distribuidoras não atenderam a ligação, outras duas informaram que o produto estava em falta devido à alta demanda provocada pela quarentena do Covid-19.
Desde quarta (25) moradores das zonas leste e norte da capital paulista já tinham dificuldade para conseguir comprar o botijão e reclamavam de filas. Um cliente chegou a fazer uma peregrinação em bairros da zona norte. Nesta sexta, a reportagem flagrou filas e grande procura em duas distribuidoras da Brasilândia, na zona norte.
Levantamento do Sindigás (sindicato das distribuidoras) confirma aumento na demanda por botijões na cidade, o que tem gerado filas e fim momentâneo dos estoques. O sindicato afirma que o consumidor criou uma corrida desnecessária nas revendedoras e tem feito estoque de botijões para a quarentena. A entidade diz que está monitorando a situação permanentemente e promete que, em até dez dias, fará as alterações necessárias para adequar o suprimento do produto.
O Sindigás informa que se compromete, junto com a Petrobras, a aumentar a oferta do produto por meio de importação. Segundo o sindicato, a medida garantirá maior fluxo do produto para os revendedores, e, portanto, não há motivos para que os consumidores façam estoques, já que um botijão de 13 quilos dura, em média, 45 dias.
A Petrobras afirma que o abastecimento de gás está normal em todo o país, assim como as entregas estão sendo realizadas normalmente nos pontos de fornecimento, conforme informado às distribuidoras. A empresa ressalta que não há qualquer necessidade de estocar botijões de gás neste momento, pois não haverá falta de produto para abastecer a população.
As importações adicionais se somarão às produções atuais das refinarias da região Sudeste com a chegada de três navios no porto de Santos previstas para os próximos dias, segundo divulgou a Petrobras.
Preço elevado
Além da falta do produto, o consumidor já está pagando mais caro. Para o Sindigás, o movimento de estoque gera a falsa sensação de escassez e pode desencadear a subida dos preços.
O sindicato acredita que as vendas dos botijões de gás têm apresentado um aumento entre 5% e 8%. Em fevereiro, o preço médio do botijão de 13 quilos era vendido a R$ 69,91, ou seja, o consumidor pode encontrar, em tempo de quarentena, o mesmo produto por até R$ 75,50, segundo o sindicato.
Já uma pesquisa realizada por meio do aplicativo Chama, que conecta revendas a consumidores e permite a comparação dos valores do produto, aponta que, durante o período de isolamento, o valor do botijão de gás pode aumentar até 35% na cidade.
Segundo o aplicativo, que tem 2.000 distribuidoras cadastradas, em São Paulo a média de preços do botijão de 13 quilos no início de março, antes da quarentena, era de R$ 71. Agora, o produto pode ser encontrado por até R$ 81 na cidade.
A pesquisa também fez um recorte por região. No Mandaqui (zona norte), antes o consumidor pagava, em média, R$ 66 pelo produto, agora; R$ 96. Em Pinheiros (zona oeste), o botijão custava R$ 77 antes da quarentena, agora; R$ 94. Na Vila Mariana (zona sul), o item era vendido por R$71, agora custa R$ 93. No Belém (zona leste), o preço passou de R$ 68 para R$ 85. Já na Santa Cecília (região central), o gás era vendido por R$ 69 e agora, fim de março, passou a ser vendido por R$ 87.
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