Moradores das zonas leste e norte da capital paulista já enfrentam filas e dificuldades para encontrar gás de botijão nas distribuidoras.
O Sindigás (sindicato das distribuidoras) negou eventual desabastecimento e informou que a procura por botijões cresceu em até 8% porque consumidores estão antecipando compras, o que explicaria a falta momentânea do produto em alguns pontos de venda.
Em São Mateus (zona leste), a fila com idosos e crianças dava volta na esquina e consumidores se aglomeravam na calçada na manhã desta quarta-feira (25).
O caminhão que abastece o local havia acabado de estacionar e não houve tempo nem para descarregar os botijões. Com o portão fechado, os funcionários da distribuidora iniciaram as vendas.
Na fila, era unânime a reclamação sobre a falta do gás nas distribuidoras da região. Segundo os moradores, nem os carros que entregam em casa os atenderam.
A dona de casa Domingas Mendes, 59 anos, do Jardim Vila Carrão (zona leste), relata que, desde ontem, esteve em três distribuidoras e não encontrou nada. "Eu e minha nora ficamos sabendo que ia chegar aqui e viemos correndo."
Outro impasse vivido pelos moradores é o receio do novo coronavírus. "Provavelmente, isso deve estar ocorrendo porque tudo parou, mas, agora, temos que ficar aqui aglomerado na fila. Eu já havia passado aqui algumas vezes para ver se havia chegado. Agora, vou tentar pegar o botijão", afirma o autônomo Sandro Dias, 43 anos, do Jardim Vera Cruz (zona leste).
O operador Tiago de Souza, 35 anos, do Jardim Santo André (zona leste), estava com dois botijões vazios, dele e o do sogro. "Desde ontem, fomos em três distribuidoras e resolvemos tentar aqui novamente."
Na zona norte, o aposentado Marco Dorival Marcos, 53 anos, do Tucuruvi , afirma que, desde ontem, percorreu seis bairros da região e esteve em 15 postos de distribuição. "Em todos havia a mesma mensagem na porta fechada: 'não temos gás'. "Cada lugar em que fui havia mais duas, três pessoas procurando também o gás." Ele conta que procurou o produto nos bairros Vila Guilherme, Tucuruvi, Vila Medeiros, Tremembé, Vila Gustavo e Guapira.
Marcos diz que entrou no aplicativo de gás e, mesmo com preço maior do que paga, não conseguiu nada. "Pagamos R$ 69. No aplicativo sairia entre R$ 90 e R$ 100, mas nem assim conseguimos. Minha esposa ligou para vários lugares e todos disseram que não há previsão de reabastecimento, de entrega nem para retirarmos no local. A única cidade que nos indicaram foi Mairiporã (Grande SP), mas temos receio de ir até lá e não ter também."
O aposentado diz que a família está sem gás para cozinhar. "Espero que normalize e não subam o valor, pois não tínhamos botijão reserva. Com certeza outras famílias que estão mais em casa deverão passar pelo mesmo."
Nota do Sindigás
O Sindigás esclarece que as vendas de botijões de gás tem apresentado aumento entre 5% e 8%, em função da antecipação da compra do botijão por uma parcela da população, o que ocasionou um pequeno atraso na reposição do produto.
Não há, entretanto, interrupção no fluxo da cadeia de abastecimento do GLP, nem falta de estoque.
Há gás suficiente para abastecer com tranquilidade consumidores de todo o Brasil. Vale ressaltar que os trabalhadores do setor de GLP, por ser este um produto de uso essencial e indispensável ao bem-estar das famílias, estão trabalhando normalmente, redobrando, em função da conjuntura atual, os cuidados com a higiene para suprir o mercado, mantendo os altos níveis de confiança, segurança e qualidade que caracterizam o setor.
O Sindigás faz um apelo aos consumidores para que fiquem em casa, respeitando as recomendações das autoridades de saúde, e que comprem normalmente o Gás, sem pressa, utilizando as diversas plataformas que acionam o serviço de pronta entrega do seu revendedor de preferência.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.