A pandemia de coronavírus derrubou o movimento nos corredores do Mercado Municipal de São Paulo, o famoso Mercadão, e deve interferir nas vendas de Páscoa deste ano. Nesta quinta-feira (1º), véspera da Sexta-feira Santa, os corredores, que antes ficavam lotados, estavam praticamente vazios.
Para os empresários, as restrições impostas pelo Plano SP para conter o avanço da Covid-19, que deixou restaurantes, bares e lanchonetes fechados, é um dos fatores que interferiu. “Teve uma diminuição muito grande no movimento. De 2019 para 2020 caiu 50%. De 2020 para 2021 caiu até mais, talvez uns 60%", afirma José Carlos Freitas, presidente da Renome (Associação da Renovação do Mercado Municipal Paulistano) e dono do Mortadela Brasil.
"Com as restrições, principalmente dos bares e restaurantes, as pessoas ficam mais limitadas e não conseguem comer os sanduíches de mortadela, por exemplo", diz. “Mas pensando no que estamos enfrentando na pandemia, até que o movimento está bom”, completa, tentando mostrar um pouco de otimismo.
Se por um lado menos pessoas estão circulando, por outro, os preços não param de subir. O tradicional bacalhau é um dos itens que mais assusta na chamada cesta da Páscoa. O peixe, cujo valor é muito afetado pela alta do dólar e do euro, subiu 7,28% em um ano, segundo dados da FGV (Fundação Getulio Vargas). No Mercadão, alguns lugares estão vendendo a posta de bacalhau por R$ 115 e R$ 130.
O consumidor Erisvaldo Freitas repetiu sua tradição dos últimos cinco anos e foi fazer as compras de Páscoa no Mercadão, mas relatou a alta nos valores. “Comprei bacalhau, mas os preços estão um absurdo. E comparado com os outros anos que vim, o Mercadão está vazio, vazio”, diz ele, que trabalha com transporte.
A alta também afeta alguns lojistas, que acabam vendendo menos. “Nenhum conseguiu vender nem 50% do que vendia antes. Estão entre 30% e 40%”, diz Freitas.
O maior movimento ainda é nas peixarias, por causa da Semana Santa. Se o público no geral diminuiu, quem voltou a frequentar o Mercadão foi a terceira idade, que já está sendo vacinada contra o coronavírus.
“Com relação a 2020, em que não tivemos uma Páscoa como costuma ser, sinto que o movimento está um pouco melhor. Percebi muito o pessoal da terceira idade voltando às compras, talvez por já estarem vacinados. Vindo comprar seu peixe e toda aquela tradição do Mercadão”, comenta Cícero Gomes, gerente comercial do Ki-Peixe, maior peixaria no Mercadão.
Apesar da queda na venda de bacalhau e salmão, outros peixes estão em alta, segundo Cícero. “Quem tem preferência por bacalhau ou salmão segue comprando, mas nesse ano as pessoas estão priorizando o pescado nacional, como o cação, e os peixes argentinos como a merluza, que foram comprados ainda por um dólar mais baixo”, ressalta.
O Mercado Municipal ficará aberto durante a Sexta-feira Santa (2), das 6h às 16h, e no sábado (3), das 6h às 18h. O local fecha aos domingos.
Supermercados esperam perder menos
Enquanto os comerciantes do Mercadão veem corredores vazios, por outro lado, os supermercados e outras redes de lojas estão apostando em perdas menores para a Páscoa em 2021. Um dos exemplos é o Carrefour, que lançou sete opções de ovos de chocolate, entre infantis e para adultos, de marca própria.
"Nesta Páscoa, buscamos trazer ovos com ingredientes de qualidade superior e que podem ser até 30% mais baratos que os equivalentes de outras marcas”, explica Allan Gate, Diretor de Marcas Próprias do Carrefour.
Outra opção das redes é a aposta nas vendas online. O Extra oferece cupons de desconto em ovos de Páscoa e chocolates, enquanto o Pão de Açúcar e a Americanas têm até 40% de desconto.
Com esse sistema de vendas online, a Cacau Show tem a expectativa de aumentar as vendas se comparado a 2020. “Nossas vendas estão focadas nos canais de venda digitais e nossa expectativa é de termos uma campanha com 18% mais vendas do que ano passado”, diz Daniel Roque, diretor de canais de vendas e expansão da Cacau Show.
“Fechamos o ano com aproximadamente 6% de crescimento e este ano devemos superar 10% no total do ano. Para a Páscoa a tendência é de que tenhamos mais de 20% das vendas através dos canais digitais, e que neste momento estão em torno de 103% de crescimento”, completa Roque.
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