Fardado, soldado da PM pede namorado em casamento em SP

Comando da Polícia Militar havia proibido pedido durante Parada LGBT

São Paulo

​O soldado da Polícia Militar Leandro Barcellos Prior, 28 anos, pediu em casamento seu namorado, usando a farda da corporação, na manhã deste domingo (23) nos Campos Elíseos (região central da capital paulista).

O policial havia encaminhado aos seus superiores, no último dia 14, um documento no qual solicitava a permissão para pedir, fardado, seu namorado em casamento, durante 23ª Parada LGBT, que ocorre neste domingo. Porém, o comando da corporação negou a solicitação, alegando que as normas internas da instituição "não preveem o uso do fardamento por policial militar em folga durante manifestações. Por este motivo, o pedido do soldado foi indeferido".

Prior pediu a mão do olheiro de agência de modelos Elton da Silva Luiz, 26 anos, na Praça Largo Coração de Jesus. No local, há uma base comunitária da PM, inaugurada em junho de 2014, sob a gestão Geraldo Alckmin (PSDB).  

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PM e futuro marido se beijam após pedido de casamento na capital paulista - Arquivo Pessoal

Em frente à base da PM, o pedido de casamento foi feito de forma clássica. O soldado se aproximou, ajoelhou e, mostrando uma aliança, falou o nome completo do agora futuro marido e lhe fez o pedido. “Tremi muito. Estava tão nervoso que foi até difícil falar o sim”, disse Luiz. Ele acrescentou que a data do casamento ainda não foi marcada.

Em um vídeo feito por amigos, após o pedido de casamento, o soldado Prior afirma que, em 188 anos, este é um momento único na história da PM de São Paulo. “Espero que isso abra precedentes para que ninguém mais, dentro ou fora de quartéis, permanece ‘dentro de armários’ [sem se assumir] e que as pessoas criem coragem para não permitir que a opinião do outro suprima sua felicidade”.

O vendedor Felipe de Brito, 25, é amigo do casal e acompanhou todo o pedido de casamento. Segundo ele, o clima estava “meio tenso” no local. “Teve um cara que, ao ver o pedido de casamento, arrancou com o carro, fazendo barulho com os pneus”.

 

O advogado do PM, Antonio Alexandre Dantas de Souza, afirmou no último dia 19, que o pedido para usar a farda na Parada LGBT, que foi negado pelo comando, não ofende a corporação, corroborando o compromisso de respeito à dignidade.

O soldado Prior ficou conhecido, em junho de 2018, após ser flagrado beijando um rapaz, que não é seu atual namorado, dentro de um vagão do metrô. Na ocasião, ele estava fardado.

A repercussão do beijo fez com que o soldado recebesse ameaças. O policial chegou a pedir afastamento e ficou fora de serviço por cerca de 60 dias.

Na noite do dia 19, a PM anunciou que a solicitação para o soldado pedir a mão do namorado em casamento, fardado, foi rejeitado alegando que as normas internas não preveem o uso do fardamento "durante manifestações".

A PM afirmou, na ocasião do proibição que normas internas “não preveem” o uso da farda por policial militar de folga, durante manifestações. “Por este motivo, o pedido do soldado foi indeferido. Da mesma forma, há cinco anos, foi indeferido o pedido do grupo ‘PMs de Cristo’, que queria utilizar o uniforme durante a Marcha para Jesus”, diz trecho de nota.

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