Uma diarista de 28 anos foi atingida no rosto por uma bala perdida, disparada durante ocorrência da Polícia Militar, no último dia 12 em Mogi das Cruzes (Grande SP). Ela passa bem, mas questiona a ação da PM, que resultou em um projétil calibre ponto 40 em seu rosto.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmou que os policiais envolvidos no caso foram afastados.
Na ocasião, a PM matou um homem, de 48 anos, com ao menos dez tiros, após ele atacar uma tenente da PM, de 33 anos, com uma faca. A policial foi ferida no pescoço, mas sem gravidade.
Segundo a diarista, ela pretendia buscar sua filha, de um ano, na creche, quando seu carro ficou parado em um congestionamento na rua Gonçalo Ferreira. “Eu pensei que fosse uma blitz da PM, mas em seguida, comecei a ouvir barulhos, que pensei que fossem bombas”. A mulher estava a aproximadamente 100 metros do local dos tiroteio.
A vítima acrescentou que ouviu um barulho no para-brisa de seu veículo e, em seguida, sentiu seu rosto esquentar. “Vi que estava sangrando e gritei por ajuda. Um moço, de uma oficina mecânica, me levou até o comércio dele”, relatou.
Na sequência, dois policiais colocaram a diarista na viatura e a levaram para o hospital Luzia de Pinho Melo. “O médico me disse que nasci de novo, pois a bala ficou alojada em minha bochecha, mas não atingiu nenhum ponto vital”. Ela fará retorno ao hospital, nesta sexta-feira (21), para saber se fará cirurgia para a retirada do projétil.
Após o susto, a diarista afirmou que está psicologicamente abalada. “Eu poderia ter morrido nessa história. A minha vida parou”.
A vítima questiona a ação dos policiais, pois segundo ela, eles atiraram contra o homem de 48 anos, quando ele estava em frente ao trânsito. “Eles poderiam ter acertado mais pessoas”.
Renato Sérgio Lima, diretor do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, disse que policiais não podem se exceder ou perder o controle em ocorrências. “Se defender é legítimo, mas com técnica e uso progressivo da força”, afirmou.
Homem morto tinha um tumor na cabeça, diz filho
Marcelo Nogueira, 48, morto por policiais militares em Mogi das Cruzes (Grande SP), sofria há cerca de um ano e meio com um tumor na cabeça. Por conta disso, segundo um de seus três filhos, o homem tinha surtos psicóticos.
“A gente conseguia conter ele em casa durante os surtos. Ele nunca havia pegado em uma faca”, garantiu o recepcionista, de 20 anos.
O tumor foi diagnosticado após o primeiro sinal de transtorno apresentado por Nogueira, que antes da doença trabalhava como ajudante geral.
No dia em que Nogueira foi morto, acrescentou o recepcionista, seu pai estava sozinho em casa. “Quando ele foi para a rua, as pessoas ficaram provocando meu pai, até que ele perdeu a cabeça e mataram ele”.
Resposta
A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmou que os policiais militares envolvidos na ação foram afastados do serviço operacional e acrescentou que a Corregedoria da PM acompanha as investigações do caso.
“Todas as circunstâncias do fato estão sendo apuradas pela Polícia Militar, por meio de Inquérito Policial Militar, e pelo Setor de Homicídios da Delegacia Seccional de Mogi das Cruzes, que instaurou inquérito”, diz trecho de nota.
A PM disse que o homem morto pelos policiais estaria “aparentemente sob efeito de entorpecentes”. A corporação acrescentou que a tenente usou uma arma de choque contra Marcelo Nogueira, mas que o equipamento o acertou no pescoço. “Neste momento, a equipe revidou e atingiu o suspeito”, diz trecho de nota.
A corporação também disse que “todas as circunstâncias” em que o caso ocorreu serão apuradas.
Não foi informado sobre de qual arma partiu o tiro que atingiu a diarista.
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