Descrição de chapéu Homem na Lua, 50

50 anos depois, chegada do homem à Lua ainda apaixona

Cientistas, professores e até outros profissionais lembram daquele 20 de julho

São Paulo

No próximo dia 20, fará meio século que o homem pisou na Lua. Entre as milhões de pessoas que acompanharam a missão Apollo 11, ao vivo pela TV norte-americana, estavam crianças e adolescentes que se tornaram físicos, astrônomos, cientistas e professores universitários ainda hoje apaixonados por aquele feito inédito.

"Muitos de nós, inclusive alguns já aposentados, fomos atraídos por aquele momento histórico que nos impulsionou à carreira científica", diz o astrônomo e professor-doutor do IAG (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas) da USP (Universidade de São Paulo), Ramachrisna Teixeira, 65 anos.

Naquele dia histórico de 1969, aos 15 anos, Rama, como é conhecido no meio acadêmico, lembra que deixou Araraquara (273 km de SP), onde morava, para ir à casa dos tios no Jaquaré (zona oeste da capital). 

"A gente não tinha TV no interior e quando cheguei aqui, o pessoal já estava dormindo e não deu para ligar a televisão", diz. "Por isso, só fui ver no dia seguinte. Até me frustrei um pouco pela péssima qualidade das imagens, mas mesmo assim, foi emocionante. Eu já era apaixonado pelo tema", conta.

A paixão pela histórica chegada do homem à Lua é a mesma do professor universitário Edson D'Avila, 59, do IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia de São Paulo). 

"Não saí de frente da TV o tempo todo. Foi uma transmissão extremamente longa em preto e branco", afirma D'Avila, com a riqueza de detalhes de um menino que na época tinha 9 anos e que se diz fã da série "Perdidos no Espaço". Atualmente, ele está matriculado no curso "Reconhecendo o céu", no Planetário do Ibirapuera (zona sul de SP).

Morador no Capão Redondo (zona sul), o advogado José António Gonçalves Gouveia, 65, tinha 16 anos. 
Ao lado de quatro primos, a sessão especial foi vista da casa do tio Joel Gouveia, 84.

"A curiosidade era grande do incrível fato de um homem pisar na lua. Até mesmo uma ousadia da ciência do ponto de vista religioso", afirma. 

Nome

Ele não foi astronauta. Mas carrega há 49 anos o sobrenome do primeiro homem a pisar na lua. Armstrong Luiz Sinhorelli, Guarulhos (Grande São Paulo), ganhou o nome do homônimo famoso da Nasa, que morreu em 2012 aos 82 anos a pedido dos padrinhos, menos de um ano depois do feito inédito do americano. 

Nascido em Vargem Alta (ES), Armstrong, na infância, adorava jogar futebol com os amigos apenas com a luz da lua nas noites limpas no céu, pois não havia iluminação no poste.

A lua, por sinal, o encanta o analista de sistemas que presta serviços a uma multinacional do varejo na capital. Tanto que deixou a varanda sem telhado, na recente reforma do imóvel onde mora, apenas para a ficar admirando.

Uma mesa também foi estrategicamente colocada no local para conseguir trabalhar ao luar.

Ciência

Além da disputa política entre EUA e a hoje extinta União Soviética de 1961 a 1972, as viagens espaciais mudaram a vida da humanidade, segundo os cientistas.

No campo científico e tecnológico, o astrônomo Enos Picazzio, professor-doutor do IAG, diz que levar o homem à lua com a tecnologia da época foi um grande, porém arriscado, passo.

"Os computadores das cápsulas Apollo eram primitivos se comparados a um celular de hoje", aponta.
"Apesar das dificuldades, foi um sucesso e as amostras do solo lunar foram trazidas e estudadas", afirma.

A mesma opinião tem o professor Ramachrisna Teixeira. "Foram inúmeros cálculos, aliados à tecnologia como base, para o lançamento da nave. Ou seja, implicou no desenvolvimento de novas descobertas ", afirma.

Planetários

Os dois planetários municipais de São Paulo, no parque do Ibirapuera e no do Carmo, terão sessão especial gratuita dia 20, respectivamente, às 19h, e às 17h.

Astrônomos contarão sobre a histórica corrida espacial. Os ingressos são limitados e as pessoas devem chegar 1h30 antes.

Também ocorrerá a exposição Lua à Vista, de 20 a 28 de julho, com maquetes, fotos, revistas e até os autógrafos originais dos três astronautas americanos no Ibirapuera.

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