As moradias oferecidas a idosos pela prefeitura e pelo governo do estado de São Paulo mudaram suas rotinas por causa da pandemia do coronavírus. Atividades recreativas foram suspensas nos locais, que agora contam com álcool em gel e cartazes informativos sobre o Covid-19.
Na Vila dos Idosos, administrada na região do Pari (centro), pela gestão Bruno Covas (PSDB), 157 pessoas, todas acima dos 60 anos, recebem semanalmente visitas de agentes para o monitoramento dos idosos, um dos principais grupos de risco do vírus.
A prefeitura instalou pontos para o uso de álcool em gel, além de afixar cartazes nas áreas comuns da vila, com orientações sobre a prevenção ao coronavírus.
O governo municipal também disponibilizou os telefones de assistentes sociais, para que os idosos tenham um canal de contato direto com os profissionais sempre que precisarem.
A aposentada Jandira Ribeiro, 85 anos, mora na Vila dos Idosos desde a inauguração do local, em setembro de 2007. Por telefone, ela afirmou que a quarentena, iniciada na terça-feira (24), interferiu em sua rotina.
A idosa afirmou que saía todos os dias para comprar coisas, ir à igreja, ou pelo simples fato de caminhar e ver a rua. “Agora preciso ficar presa aqui em casa. Estou morrendo de saudade das meninas”, acrescentou se referindo à filha de 39 anos e a neta, 5, que moram em Santana (zona norte).
Para passar o tempo, Jandira afirmou que reza para as pessoas superarem este momento de isolamento provocado pela pandemia.
Vital Almeida, 78, mora no condomínio da prefeitura há cerca de dez anos. Também por telefone, ele afirmou que a quarentena “não mudou muito” sua rotina, bem mais reclusa que a de Jandira.
“Eu saía para ir basicamente ao mercado. Não tenho amigos nem família. Então, para mim, isso aí [ficar em isolamento] não é novidade nenhuma”, afirmou.
Agente de saúde
A reportagem esteve em frente ao condomínio, na tarde do último dia 19, e se deparou com uma agente de saúde, que falou em condição de anonimato.
Ela afirmou que seria o último dia em que ia à Vila dos Idosos, para deixar remédios para cinco moradores do local. “Mas nem entro em contato direto com eles. Deixo o remédio em frente a porta, toco a campainha e saio”, relatou sobre a estratégia para não ficar perto dos velhinhos.
A profissional acrescentou ir semanalmente ao condomínio, para entregar remédios e também conversar com os idosos. Por causa do isolamento social vivido atualmente em todo o mundo, ela afirmou que retornaria ao local somente em cerca de um mês.
Estado
A rotina também mudou na República da Melhor Idade, administrada pelo governo estadual no Cambuci, também no centro da capital.
Segundo a Secretaria de Habitação, sob a gestão de João Doria (PSDB), atividades como reuniões, aulas de dança, artesanato e ginástica foram suspensas no condomínio por tempo indeterminado.
No local, também foram instalados frascos de álcool em gel no hall de entrada e em frente aos elevadores do prédio.
A Secretaria de Habitação afirmou que, atualmente, vivem no local 58 pessoas, sendo três com mais de 90 anos, 28 com idades entre 76 e 90, 24 entre 60 e 75 anos, além de três moradores com idades entre 55 e 59 anos.
“Todos os moradores foram orientados pela equipe social da CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano] e por agentes de saúde que estiveram no local sobre as mudanças na rotina e também receberam dicas de higiene para conter a disseminação do vírus”, diz trecho de nota.
Além disso, todos os moradores foram orientados a permanecer dentro de casa e evitar aglomerações de pessoas.
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