Nestes tempos de pandemia do novo coronavírus, sempre que possível é bom evitar os hospitais, onde a frequência de contaminados é maior. No entanto, se for necessário, é melhor procurar ajuda médica do que deixar a doença piorar em casa.
Por medo da Covid-19, a auxiliar administrativa Fabiane Zonaro Costa, 45 anos, acabou postergando a ida ao hospital e viu seu caso se agravar.
“Eu e meu marido, Roberto, 47, ficamos com gripe normal por dois dias, só com coriza. E como sou obesa e asmática, comecei a sentir falta de ar, mas achei que podia ser a asma. Fiz inalação e não melhorou. Eu moro em um apartamento de 48m2 e tinha falta de ar para ir do quarto ao banheiro. Se eu tivesse buscado atendimento logo no começo não tinha sido internada. O medo da Covid não deixou que eu procurasse ajuda tão rápido. Meu marido até brigou comigo”, conta Fabiane.
Nos dias seguintes, ela também perdeu o apetite e não conseguia nem tomar água. Quando foi ao posto de saúde perto de casa, em Jundiaí (a 57km de São Paulo), a enfermeira mediu a oxigenação do sangue e percebeu que estava muito baixa: 79%, quando o normal é 99%.
Fabiane foi colocada no oxigênio e uma ambulância do Samu foi chamada para levá-la ao Hospital Municipal São Vicente de Paulo, onde fez tomografia dos pulmões e o teste da Covid. A tomografia mostrou as manchas características da doença e ela foi internada, já que, mesmo com oxigênio, a taxa não chegava a 90%.
A auxiliar ficou desesperada quando foi avisada de que o marido havia sido internado no mesmo hospital quatro dias depois, deixando o filho Luiz Henrique, de 14 anos, sozinho.
Mas o drama durou pouco, graças aos profissionais que os atenderam. “Na medida do possível, as enfermeiras me davam notícias do estado de saúde do Roberto e da situação do meu filho, que estava bem, com meu cunhado. Uma enfermeira chegou a fazer uma chamada de vídeo do meu quarto para o do meu marido, para conversarmos. São atitudes que dão alento quando você está isolado, onde mal consegue enxergar os olhos das pessoas que cuidam de você”, diz Fabiane, destacando que a Covid ataca mais o lado psicológico do paciente do que o físico.
Após 11 dias internado, o casal continuou em tratamento domiciliar, tomando todos os cuidados com o isolamento e tendo o filho como enfermeiro. Fabiane diz contar os dias para acabar seu período de distanciamento para poder voltar a abraçar o marido e o filho, o que deve acontecer nesta terça-feira (23). Nessa situação em que se encontram, tiveram muita ajuda de familiares, amigos e vizinhos, que costumam levar refeições para eles.
A família, por sinal, passou por uma grande transformação por causa da doença. “A Covid foi um pesadelo, mas serviu para unir nossa família. Eram brigas por coisas idiotas, um sem falar com o outro… Quando fomos internados, toda a família se juntou para dar suporte ao meu filho. Eu não falava com meu cunhado e tive de voltar a falar”, diz Fabiane.
“A doença veio para mostrar que não vivemos numa bolha. Serviu para varrer toda a mágoa, todas as brigas e para mostrar que temos de valorizar as pequenas coisas.”
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