A flexibilização das atividades durante a quarentena do novo coronavírus resultou em um aumento no número de roubos a aparelhos celulares em todo o estado de São Paulo. É o que aponta um estudo realizado pelo Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado).
Segundo o levantamento, que compila dados de boletins de ocorrência e dados da Secretaria de Segurança Pública, foram registradas 69.628 casos de roubo de celulares no estado de São Paulo no primeiro semestre.
A pesquisa mostrou uma queda brusca de roubos de aparelhos nos meses de abril e maio, período com medidas mais restritivas de isolamento social, e um aumento desse tipo de crime em junho, quando a gestão Doria (PSDB) deu início à flexibilização da economia.
Em março, no início da quarentena, foram registrados 12.028 roubos no estado. No mês seguinte, houve uma queda de 30%. A tendência de queda seguiu em maio: de 8.372 para 8.047.
Porém, em junho, quando a flexibilização teve início, os casos de roubo dispararam. Houve um crescimento de 60% em comparação ao mês anterior.
O período do dia de maior ocorrência de roubo é à noite, com 44,57% dos registros, seguido da tarde, com 22,08%, manhã (18,94%) e madrugada (14,14%).
A capital paulista é a cidade que apresenta o maior número de roubos a celular registrados no período. Foram 39.996 de ocorrências, ou 57,44% do total de casos em todo o estado. Santo André (ABC), com 1.919, aparece em segundo lugar, e Guarulhos (Grande SP), com 1.897, é o terceiro.
Em seguida aparecem Diadema, Campinas, São Bernardo do Campo, Osasco, Itaquaquecetuba, Carapicuíba e Praia Grande .
Resposta
Questionada sobre os dados do levantamento, a SSP (Secretaria de Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirma que não comenta “pesquisa cuja metodologia desconhece”.
De acordo com a pasta, “as polícias Civil e Militar atuam para combater os crimes contra o patrimônio, inclusive os roubos e furtos” de aparelhos celulares.
Ainda segundo nota enviada pela secretaria estadual, “diversas ações são desencadeadas, como Operação São Paulo Mais Seguro, que amplia o policiamento em pontos estratégicos
para coibir todas as naturezas criminais”.
Grajaú lidera com mais ocorrências
Entre os bairros da capital com maior número de roubos a celular após o início da flexibilização da quarentena o Grajaú (zona sul) é o que apresenta mais casos, com 1.092 ocorrências, segundo o estudo da Fecap.
Capão Redondo (zona sul), Itaim Paulista (zona leste), República (centro) e Jardim Ângela (zona sul), são outros distritos que se destacam na lista.
Entre as ruas da capital, avenida Paulista, avenida Cruzeiro do Sul (zona norte) e avenida Sapopemba (zona leste), são as que mais aparecem no levantamento.
Moradora do Grajaú, a assistente comercial Tatiane Pereira de Oliveira, 35, demonstra preocupação com a situação, embora nunca tenha tido o celular roubado. “Eu acho isso muito ruim isso, deveria ter mais policiais na rua. Percebo muitos roubos onde eu moro”, diz.
Grajaú também lidera o número de pessoas fora de casa na capital, segundo relatório da prefeitura do início de junho. De acordo com a Fundação Seade, o local é o distrito mais povoado da cidade, dos 96 existentes, com 387.148 habitantes.
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