Lorena Batista Muniz, 25 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (22) em decorrência da inalação de fumaça resultante de um incêndio, ocorrido na manhã de quarta-feira (17), enquanto era submetida a um procedimento estético na região da Liberdade (centro).
A vítima era mulher trans e viajou de Pernambuco para São Paulo para colocar próteses de silicone no peito, segundo afirmado em uma rede social por seu companheiro, Washington Barbosa, que se relacionava com Lorena há cerca de seis anos.
Registro da Polícia Civil afirma que o incêndio começou após uma explosão, ocorrida enquanto técnicos da Enel Distribuição São Paulo faziam a manutenção da rede elétrica, na rua da Glória.
Um dos funcionários da concessionária, ainda segundo a polícia, correu até a clínica perguntando onde estaria a chave geral, com o intuito de a desligar, logo após a explosão.
Ao constatar o incêndio, o técnico teria saído do local, segundo moradores da região, deixando um cone da empresa para trás, que permanecia no local até esta segunda, segundo imagem enviada à reportagem.
A concessionária de energia nega “qualquer relação com o incidente”. “A distribuidora não possuía qualquer serviço em andamento no local e no horário informados pela reportagem”, afirma trecho de nota.
A Polícia Militar chegou em seguida à clínica, impedindo que pessoas entrassem no local, por medida de segurança.
Com a chegada dos bombeiros, minutos depois, Lorena foi retirada da sala de cirurgia, onde já estava inconsciente antes mesmo da explosão, pois havia sido sedada para o procedimento estético. Ela foi encaminhada em estado grave ao Hospital das Clínicas, onde morreu nesta segunda.
A clínica Saúde Aqui afirmou ao Agora na tarde desta segunda-feira, por meio de seu departamento jurídico, que uma cirurgiã e uma anestesista, ambas idosas, haviam iniciado o procedimento para a colocação de duas próteses mamárias em Lorena, quando o incêndio teve início.
“A distância entre a origem do fogo e a sala de cirurgia era de cinco metros. Por isso, uma forte fumaça preta invadiu rapidamente o ambiente, obrigando as médicas a saírem rapidamente do local”, afirmou a empresa.
Questionada pelo fato de ninguém ter socorrido Lorena, a empresa afirmou que dois auxiliares de enfermagem, que ajudaram as duas médicas a saírem da clínica, foram impedidos de retornar ao prédio pela PM.
“No desespero, eles ajudaram as médicas, pensando em retornar para auxiliar a jovem. Pode ser que não tenham tido a atitude correta [deixando Lorena inconsciente na sala], mas que era necessária por uma questão de sobrevivência [por conta da forte fumaça que invadia o prédio]”, afirmou o jurídico da clínica.
A empresa acrescentou estar em contato com a família de Lorena, garantindo que irá arcar com todos os gastos necessários para o traslado do corpo, assim como sepultamento da jovem, além de dar todo apoio necessário.
Polícia
A SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmou que o 1º DP (Sé) investiga "todas as circunstâncias da ocorrência", por meio de Inquérito Policial
Testemunhas já foram ouvidas, acrescentou a pasta, e laudos periciais são elaborados para indicar as causas do incêndio e para "determinar se houve negligência dos profissionais [da clínica], que acabou culminando com a morte da mulher", diz trecho de nota.
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