Bailes. Baladas. Aglomerações.
Muita gente não está nem aí para a pandemia.
As autoridades tentam reprimir.
O PM Arnaldo balançava a cabeça.
—Não sei não...
Políticos. Traficantes. Celebridades.
—Vou lá me meter com essa gente?
Arnaldo tinha certeza.
—Na favela é mais fácil.
Infelizmente, ele tinha sido designado para uma região nobre da cidade.
—Paulista e Jardins? Logo eu?
A madrugada avançava com chuva nos lados da rua Augusta.
O rádio deu a informação.
—Cassino clandestino.
—Onde?
—Vai subindo e vira na Paulista.
Arnaldo logo ouviu o som de discoteca.
Na porta, ele reconheceu algumas figuras importantes.
—Cara... esse é o dono da Orvan.
Fabricante de pistolas e artigos esportivos.
—Vai que ele me fuzila...
A viatura de Arnaldo avançou mais um quarteirão.
—Opa. Agora sim.
Muita gente aglomerada na calçada.
—Tá todo mundo preso.
Golpes esparsos de cassetete reforçaram a mensagem.
O idoso Licídio tentou explicar.
—Mas a gente está na fila de vacinação. Aqui é a porta do hospital.
Arnaldo nem quis saber.
—Ordens são ordens. Vamos dispersando.
A ocasião faz o ladrão.
Mas faz a polícia também.
Voltaire de Souza: Ordens são ordens
Voltaire de Souza
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