Voltaire de Souza: Magrelas em ação

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Voltaire de Souza

Crise. Fome. Desemprego.
Vitorino estava desesperado.
—Não encontro trabalho de jeito nenhum.
A tarde chegava fria no centro da cidade.
—Não foi para isso que eu vim de Cariacica.
Ele se lembrou do primo Orestes.
—Estava numa empresa de entregas a domicílio.
O primo foi evasivo.
—Hã… aquela empresa… não dá mais.
—Por quê?
—Tudo ilegal, cara. Não nasci para ser otário.
Vitorino insistiu.
—Me dá o endereço de qualquer jeito.
—Vou te dar o telefone do Laurêncio.
A conversa foi objetiva.
—Tem moto?
—Não, senhor.
—Bicicleta serve. Você tem?
—Precisa?
—A pé é que não dá.
Na vizinhança, Vitorino se lembrou do velho seu Lamberto.
—Quem sabe o senhor me empresta a bicicleta...
—Eu alugo. Baratinho.
Vitorino chegou animado no serviço.
—Então, o que é que tenho de entregar?
O sr. Laurêncio sorriu.
—Primeiro pega. Depois é que entrega para mim.
Vitorino logo criou prática.
—Arranco o celular de quem está no carro.
A bicicleta era essencial para a fuga.
—E entrego para o chefe. Serviço expresso.
A realidade é essa.
Antes, muitos ladrões andavam de moto.
Agora, de bicicleta também dá.

Magrela em ação
Magrela em ação - Pexels
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