Tráfico nas alturas

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Um vexame de proporções internacionais. Não há forma melhor de classificar o caso do militar brasileiro preso pela polícia espanhola, em Sevilha, na Espanha, com 39 kg de cocaína.

Segundo-sargento da Aeronáutica, Manoel Silva Rodrigues foi flagrado, de acordo com as autoridades, em um avião da Força Aérea Brasileira que conduzia uma equipe de apoio a Jair Bolsonaro (PSL). Era de lá que o presidente, em outra aeronave, partiria para Osaka, no Japão, com o objetivo de participar do encontro do G20, o grupo das nações mais poderosas do planeta.

A gravidade do crime mancha a reputação das Forças Armadas e envergonha, como instituição, a Presidência da República. Até agora, as declarações oficiais não deixaram claro como algo assim pôde acontecer na comitiva.

Avião da comitiva da Presidência da República - Marcos Corrêa/PR

O presidente interino, Hamilton Mourão, classificou o traficante fardado de "mula qualificada" --termo vulgar para quem é contratado para transportar drogas. Já Bolsonaro foi a uma rede social e tentou desvincular o militar de sua equipe. "Inaceitável", resumiu.

Como ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, o general Augusto Heleno falou em "falta de sorte". Trata-se de uma referência ao fato de a prisão "acontecer exatamente na hora de um evento mundial".

Rodrigues realizou outras 28 viagens oficiais --não se sabe, naturalmente, se ele também transportou drogas nessas ocasiões. A única certeza, até aqui, são as falhas gigantescas no aparato de segurança, que deveria proteger os deslocamentos do presidente e de sua equipe. 

Não resta outro caminho a não ser uma apuração rápida e rigorosa do ocorrido. É o que o país espera e exige.

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