Por conta própria

O perfil do trabalhador brasileiro está mudando rapidamente. Cada vez mais há gente atuando por conta própria, muitas vezes por causa da baixa qualificação e em condições precárias.

Vendedores ambulantes na rua Oriente, no Brás, que dominam as calçadas - Rafael Roncato - 7.dez.18/Folhapress

Já são quase 24 milhões os chamados autônomos. Nessa mesma turma de quem se vira sozinho estão desde médicos com renda elevada até motoristas de aplicativos de transporte e camelôs que operam na informalidade.

Por outro lado, em razão da crise econômica e do desemprego, tem sido mais comum encontrar esse tipo de profissional com nível escolar avançado.

Uma pesquisa revelou que, nesse grupo, a parcela de trabalhadores com curso superior saltou de 9,6%, em 2012, para 17,7% neste ano. O mesmo ocorreu com quem estudou até o ensino médio: de 26,3% para 35,6% no período.

Pelo menos parte dessa elitização dos autônomos parece se dever à piora do trabalho assalariado. É uma espécie de empreendedorismo forçado: mais pessoas escolarizadas trataram de criar o próprio negócio - ou foram atrás de um ofício que exigisse menos qualificação.

Infelizmente, ainda não dá para diferenciar os profissionais que entraram nessa situação por força das circunstâncias e os que realmente preferiram não ter mais um patrão.

O fato é que o Brasil precisa proporcionar a todos um ambiente mais favorável à livre iniciativa. Segundo o Banco Mundial, entre 190 países, o nosso ainda ocupa a 109ª colocação no ranking que avalia a facilidade para empreender.

Uma medida provisória que tramita no Congresso reduz a burocracia para abrir empresas, entre outros objetivos. O texto é longo e precisa ser analisado com cuidado, mas o tema é importante. 

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