A maratona de Moro

Desde que foi divulgada sua troca imprópria de mensagens com a equipe do procurador Deltan Dallagnol, o ministro da Justiça, Sergio Moro, tem precisado defender tanto sua reputação como os resultados da Operação Lava Jato.

Foi mais para o segundo objetivo que ele se submeteu a um depoimento de quase nove horas na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O saldo, para quem foi flagrado em conversas que sugerem proximidade indevida com a Procuradoria, não foi dos piores.

Fora alguns senadores de esquerda, ninguém quis ser muito duro com Moro. Pelo jeito, pegaria mal aparecer na TV criticando uma operação que colocou corruptos na cadeia com grande apoio do eleitorado brasileiro.

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O ministro da Justiça, Sergio Moro, depõe na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, em Brasília (DF), sobre o vazamento de conversas suas com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Lava Jato, reveladas pelo site The Intercept Brasil - André Coelho/Folhapress

O ex-juiz da Lava Jato, de sua parte, seguiu a linha de defesa que veio desenvolvendo desde que o escândalo estourou: afirma não ter como atestar que as mensagens sejam verdadeiras, porque não guardou os arquivos, e que, de todo modo, não vê nenhuma ilegalidade nos diálogos divulgados até aqui.

O ministro também buscou o contra-ataque apontando que as conversas provavelmente foram obtidas de maneira criminosa. Isso sem dúvida seria muito grave, mas por ora faltam evidências para sustentar essa acusação.

Moro vai se segurando no campo político, mesmo porque conta com boa imagem na população e prestígio no governo Jair Bolsonaro (PSL).

Mas ainda há pela frente uma ação que questiona sua imparcialidade na condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a ser examinada pelo Supremo Tribunal Federal. E isso, claro, sem falar na possibilidade de surgirem mais fatos comprometedores.

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