O transporte precário é um dos fatores que emperram o progresso do país. Mesmo em São Paulo, há carências básicas nesse sentido. É o caso da ligação marítima entre Santos e Guarujá.
Até hoje, para cruzar um trecho de apenas 450 metros, é preciso encarar uma balsa. Filas intermináveis e longa espera fazem parte da rotina: afinal, são cerca de 25 mil veículos todos os dias.
A situação não é diferente no trecho que conecta São Sebastião a Ilhabela, no litoral norte, principalmente nos fins de semana e períodos de férias.
Fabricadas nos anos 1950 e 1960, as balsas sofrem com a falta de manutenção. Ao final de 2018, só 17 de 68 motores foram avaliados como em bom estado. Alguns têm mais de 30 anos de fabricação. "A situação está um caos", admite o secretário estadual de Logística, João Octaviano Machado Neto.
Nada disso estaria acontecendo, no entanto, se promessas de ex-governadores do PSDB --o mesmo partido do atual, João Doria-- tivessem saído do papel.
Em 2010, José Serra anunciou que uma ponte estaiada ligaria Santos ao Guarujá. Ficou só na maquete. O seu sucessor, Geraldo Alckmin, falou em construir um túnel. Deveria estar pronto no ano passado, mas, pelo visto, foi abandonado.
Doria estuda agora conceder as travessias para a iniciativa privada. Pode até melhorar, mas não resolve. O ultrapassado trajeto de balsas impacta o comércio, o turismo e a economia em geral.
Por que o estado mais rico da nação não consegue construir uma ponte ou um túnel? É difícil responder. O que não deixa dúvidas --e jamais falha-- é o alto preço cobrado para pegar a balsa Santos-Guarujá. Hoje, um carro paga R$ 12,30. O tempo de travessia? Sete minutos.
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