Os resultados da política de drogas no programa criado pelo ex-prefeito e atual governador de São Paulo, João Doria (PSDB), não são lá muito animadores.
Cerca de 10 mil usuários passaram pelo programa Redenção e foram acolhidos em hospitais psiquiátricos da capital nos últimos dois anos. Desse total, 56% desistiram do tratamento e 54% acabaram novamente internados em instituições de saúde mental.
Apenas 3% deles aderiram de fato ao tratamento --ou seja, mantiveram-se internados até receberem alta. Depois, foram encaminhados para atendimento com médicos e remédios.
Como não houve acompanhamento desses pacientes no período, não se sabe quantos realmente se afastaram das drogas e se reintegraram à sociedade.
Bruno Covas (PSDB), sucessor de Doria, anunciou nova fase do programa. Ele chegou a falar em mais internações involuntárias (à revelia dos dependentes), o que estaria mais em linha com a orientação do governo Jair Bolsonaro (PSL).
O modelo nacional facilita a reclusão compulsória e transfere do usuário e de sua família para o médico a decisão sobre interromper ou não a internação. Também prioriza a abstinência como solução, excluindo como terapia possível a chamada redução de danos, pela qual se tenta controlar aos poucos o consumo arriscado de drogas para obter ganhos na saúde do paciente.
O exemplo de países desenvolvidos mostra que não há estratégia única na luta contra o vício. O melhor caminho parece ser o de deixar a internação forçada só para os casos mais graves.
A prefeitura paulistana, felizmente, dá sinais de compreender o tamanho do problema e considerar mais opções.
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