O ministro Paulo Guedes, da Economia, anunciou a intenção de reduzir a quantidade de servidores federais. Como esses trabalhadores contam na prática com a garantia de estabilidade no emprego, o jeito de enxugar o quadro de pessoal é não substituir todos os que se aposentam ou deixam o posto.
Segundo o ministro, cerca de 40% dos funcionários terão direito à aposentadoria nos próximos anos, e os concursos ficarão suspensos até segunda ordem.
A estratégia é simples e evita conflitos políticos maiores. Imagine o bafafá se o governo tentasse acabar com a estabilidade dos que já estão na ativa.
Mesmo assim, falta discutir a questão mais importante: como fica o funcionamento do governo e a prestação de serviços essenciais à população?
É provável que em algumas áreas haja mesmo servidores demais. No cotidiano, é comum observar alguma repartição pública cheia de gente com pouca coisa para fazer. Mas também existem órgãos que precisam de mais profissionais. Nesse caso, como é que fica?
Em vez de simplesmente suspender todos os concursos, o governo deveria primeiro fazer um mapeamento da administração pública para descobrir os exemplos de excesso e falta de pessoal. Se esse estudo já existe, é o caso de divulgar para toda a sociedade.
A intenção de Guedes pode ser boa. Como a grana está e vai continuar curta, é preciso fazer mais --ou pelo menos o mesmo-- com menos. Ele mesmo mencionou a importância de usar mais tecnologia para reduzir a burocracia.
Mas o processo precisa ser conduzido com cuidado, transparência e conhecimento de causa. Do contrário, periga ser mais uma ideia esquecida em Brasília.
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