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O governador paulista João Doria (PSDB) anunciou que pretende despoluir o rio Pinheiros até o fim de seu mandato, em 2022. Disse ainda que o Tietê, que se interliga ao Pinheiros, estará limpo em um prazo de oito anos.

Rio Pinheiros - Danilo Verpa/Folhapress

Esse é um desafio e tanto, tratando-se de rios que viraram esgotos a céu aberto. Em ano de eleição, entregar uma obra dessa importância seria um belo trunfo para Doria, desde já um possível candidato ao Palácio do Planalto.

No rio Pinheiros, a ideia para o projeto é atrair grana da iniciativa privada. Fala-se até que as margens seriam exploradas pelo turismo, com lazer, bares e restaurantes, além de passeios de barco. Sonhar, afinal, não custa.

A recuperação depende de investimentos milionários no tratamento de esgoto e envolve diversas cidades, nem sempre alinhadas nessa questão.

Os dois rios agonizam desde o século passado. O crescimento desordenado da capital acabou povoando as áreas de várzea, e os cursos d'água continuam recebendo todo o tipo de poluentes.
Não é de hoje que políticos prometem dar um jeito na situação. Já em 1993 o então governador Fleury Filho (PMDB) declarou que o processo de despoluição do Tietê estaria concluído em 2005 --disse até que beberia a água.

Padrinho de Doria na política, Geraldo Alckmin (PSDB) não ficou muito atrás: em 2002, anunciou que o rio perderia o seu mau cheiro até 2015 e que haveria peixes nadando por lá.

Apesar dos fiascos, Doria diz que agora será diferente. Se de fato conseguir, merecerá aplausos por acabar com uma das maiores vergonhas da cidade. Após bilhões de reais gastos nesses projetos, os paulistas devem ficar com um pé atrás.

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