O atraso na conclusão das obras do Rodoanel já completa cinco anos. A promessa do anel viário é desafogar o tráfego de caminhões na Grande São Paulo, mas ainda faltam 44 km para que as rodovias que chegam à capital sejam, enfim, totalmente interligadas.
O problema está justamente no trecho norte, o de mais difícil execução por causa da serra da Cantareira e de questões ambientais. Os 20 anos de governos tucanos em São Paulo, porém, conseguiram complicar a situação.
A principal obra viária do estado está marcada por falhas de execução e suspeitas de fraude e corrupção.
A começar pela empresa estatal Dersa, foco dos escândalos na figura de seu ex-diretor Paulo Viera de Souza, mais conhecido como Paulo Preto e suposto operador de propinas do PSDB.
Suspeita-se que, conforme o custo da obra crescia, uma verdadeira fortuna era desviada --a Lava Jato fala em superfaturamento de R$ 480 milhões.
A situação é desoladora. Após todo o projeto consumir R$ 9,1 bilhões, os contratos foram quebrados em 2018. Os trechos mais atrasados são justamente os de empreiteiras enroladas.
Para piorar, há uma série de dúvidas antes da retomada das obras. Não se sabe ao certo o que já foi feito, se os projetos foram seguidos à risca e quanto foi desembolsado para as empresas contratadas --sem falar de possíveis irregularidades nesses pagamentos. Até documentos técnicos desapareceram.
Espera-se agora que o governador João Doria finalmente conserte as falhas de seus antecessores tucanos e, desta vez, honre o dinheiro dos contribuintes. A promessa inicial de não cobrar pedágio, por exemplo, foi logo esquecida.
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