Que a grana está curta para toda a administração pública, ninguém discute. Como a economia do país encolheu e ainda está longe de ter se recuperado, a arrecadação de impostos não acompanhou o crescimento dos gastos. Nessa situação, é ainda mais triste ver o dinheiro do contribuinte desperdiçado.
Um exemplo acaba de ser descoberto na capital paulista pelo Tribunal de Contas do Município (TCM). Como mostrou reportagem do jornal Folha de S.Paulo, a prefeitura gastou R$ 1,4 bilhão em obras que hoje estão paradas --e muitas provavelmente vão ficar sem conclusão.
Existem diferentes motivos para o abandono dos projetos. Às vezes, o governo municipal muda e escolhe outras prioridades. Em outros casos, aparecem denúncias de maracutaia e o empreendimento vai parar na Justiça. Ou então a grana simplesmente seca.
Segundo o TCM, há 106 obras paralisadas na cidade, incluindo escolas, unidades de saúde, parques, ruas e planos de saneamento. O atraso médio é de três anos e meio, chegando a mais de dez anos em alguns exemplos.
Para terminar tudo, seriam necessários R$ 5,8 bilhões, segundo o cálculo dos técnicos do tribunal. Isso é bem mais do que a prefeitura tem conseguido investir por ano nesses tipos de projetos. Muita coisa vai ficar pelo caminho.
A Prefeitura de São Paulo prevê uma receita de R$ 58 bilhões neste ano. Mesmo que dê isso tudo mesmo, a maior parte da grana vai para o pagamento de pessoal ativo e inativo, além de compromissos com dívidas e despesas do cotidiano. Sobra pouco para o restante.
Políticos gostam de inaugurar obras. Na pindaíba atual, precisam parar de jogar para a plateia e planejar direito.
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