Travessia perigosa

Após três anos de queda, as mortes de pedestres no trânsito de São Paulo voltaram a subir em 2018. Foram 349 mortos por atropelamento, uma alta de 5,7% em relação ao ano anterior. Os números assustam: 35% das vítimas são idosos, boa parte aposentada ou pensionista.

Semáforo de pedestres quebrado na avenida Avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello - Ronny Santos/Folhapress

Como muito motorista por aí não dá preferência a quem atravessa na faixa, os semáforos para pedestres são uma segurança a mais --ou um risco a menos.

O Vigilante Agora percorreu 150 km e conferiu 614 semáforos. Deste total, apenas 13 tinham problemas. Mas o perigo é grande. Os equipamentos ficam em avenidas movimentadas, como a Santo Amaro (zona sul). Lá, três estavam quebrados: dois desligados e um depredado.

Pedestres também acreditam que algumas vias poderiam ter mais faixas e semáforos exclusivos. Na avenida Celso Garcia (zona leste), muitas pessoas aproveitam o engarrafamento para atravessar entre os carros. E aí acabam se expondo às motos que cruzam o corredor.

A Prefeitura de São Paulo tem se esforçado para pacificar as ruas. Reduziu a velocidade em algumas regiões, restringiu o tráfego de motos nas marginais e tenta regularizar o uso das patinetes.

É preciso, porém, investir mais em ações de conscientização e fiscalização. De todas as mortes por atropelamento no ano passado, 10% ocorreram em apenas cinco vias da capital, todas com grande circulação de veículos.

A gestão Bruno Covas (PSDB) diz que as falhas nos semáforos são pontuais e que a sinalização é calculada conforme o volume de travessias. Pode ser. Mas o que motoristas e autoridades jamais devem se esquecer é que, no caótico trânsito paulistano, o pedestre é o componente mais frágil. Todo cuidado é pouco.

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