O presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi pessoalmente ao Congresso entregar um projeto que alivia as punições a quem infringe as leis de trânsito.
As propostas deixaram os especialistas no assunto de cabelo em pé. Afinal, o trânsito no Brasil já é um dos mais violentos do mundo: cerca de 37 mil pessoas morreram só em 2016.
Entre as mudanças sugeridas por Bolsonaro está a que amplia, de 20 para 40, o limite de pontos por multas que leva à suspensão da carteira de motorista.
O presidente não apresentou nenhum argumento técnico. Disse apenas que "alcançar 20 pontos está cada vez mais comum na conjuntura brasileira".
A intenção, na verdade, é agradar os caminhoneiros, categoria aliada, mas que têm pressionado o governo.
Outro afago é a ideia de acabar com a obrigatoriedade de exames toxicológicos para que motoristas profissionais tirem e renovem as suas habilitações.
O maior absurdo disso tudo talvez seja o fim das punições a quem desrespeitar as regras de transporte de crianças em automóveis. Hoje, a falta de cadeirinha é infração gravíssima, sujeita a multa mínima de R$ 293,47, perda de sete pontos na CNH e retenção do veículo.
Na proposta do presidente, as sanções seriam substituídas por uma simples "advertência por escrito". Acontece que a cadeirinha salva vidas. Estudo nos EUA apontou que o uso do equipamento reduziu as mortes de bebês em 71%.
Não há dúvida de que o país tem questões mais urgentes e menos descabidas para tratar. Resta contar com o bom senso do Congresso para consertar ou derrubar o projeto --ou, se isso falhar, com a esperança de que bons motoristas sejam maioria e sigam no caminho certo.
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