Jogo de empurra na Previdência

Reforma da Previdência é um assunto tão indigesto que mesmo políticos favoráveis à proposta do governo, no Congresso e nos estados, ficam cheios de dedos para manifestar esse apoio.

Um exemplo claro é o dos governadores de oposição, concentrados na região Nordeste. Na moita, eles querem o aumento das contribuições dos servidores, para ajudar no caixa da administração. Mas em público preferem falar mal de outros pontos do projeto, como as regras mais duras para os benefícios assistenciais (BPC) e o trabalho rural.

Por causa disso, deputados federais estrilaram em Brasília. Reclamam que vão dar a cara a tapa, votando por mais tributo sobre o funcionalismo, enquanto os governadores posam de bonzinhos para a torcida. Na bronca, defendem tirar os estados e municípios da reforma.

Manifestantes declaram apoio a Bolsonaro e à reforma da previdência - Pedro Ladeira - 26.mai.19/Folhapress

Nesse caso, as novas regras só atingiriam os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e os servidores federais. Cada governador e prefeito que se vire, assim, para consertar as contas de suas administrações.

Aí foi a vez de os governadores chiarem. Divulgaram uma carta, assinada por 25 deles, defendendo que as normas valham para todo o setor público. Só ficaram de fora Rui Costa (PT), da Bahia, e Flávio Dino (PC do B), do Maranhão.

Só que depois o grupo dos nordestinos resolveu fazer um documento à parte, pedindo mudanças na proposta do governo. Nem é preciso dizer que a má vontade dos deputados em contemplar os estados e municípios continua.

Nesse jogo de empurra, o país vai perdendo tempo. Pelo jeito, todos os governadores querem o aumento da contribuição dos servidores. Deveriam explicar isso com clareza ao eleitorado.

Assuntos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.