Desserviço funerário
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O momento de enterrar os mortos é sempre de fragilidade para a família e os amigos. Disso se aproveitam muitos espertalhões que cobram valores indevidos para os cuidados necessários com os corpos e as lápides —como sabe, infelizmente, boa parte dos paulistanos.
Na metrópole de mais de 12 milhões de habitantes, o serviço funerário é gerido pelo poder municipal. Muito mal gerido: o próprio prefeito Bruno Covas (PSDB) já declarou ao Agora que a administração dos cemitérios é a pior da cidade. E olha que a zeladoria, as escolas, os hospitais e o transporte coletivo não chegam a ser nenhuma maravilha.
Além dos funcionários que criam dificuldades para vender facilidades, a gestão dos cemitérios dá margem a um grande desperdício da grana dos contribuintes. Relatórios feitos desde 2017 pela Controladoria Geral do Município (CGM) mostram um quadro assustador.
Um contrato para a locação de veículos para o traslado de cadáveres, por exemplo, custou R$ 24 milhões, dos quais R$ 1,3 milhão com três limusines. O dinheiro também pagava motoristas, embora a prefeitura conte com profissionais concursados para essa função.
Para piorar, os carros de luxo não se mostraram necessários. O número caiu para um, que passou a ser usado apenas cinco vezes por mês, em média.
Em 6 dos 22 cemitérios foram encontradas montanhas de ossos de exumação sem identificação adequada, num cenário de filme de terror.
Esses e outros casos são citados pela gestão tucana como argumento para a privatização do serviço funerário. É uma solução possível, desde que a prefeitura consiga fazer uma fiscalização decente. Senão, a vergonha só muda de dono.