Eleições, como todo mundo sabe, são a base da democracia. Porém é bom que o governante, uma vez escolhido pelas urnas, desça do palanque e comece uma nova etapa da vida pública.
Ele deve, claro, seguir as promessas da campanha, mas mantendo o respeito pela minoria e uma convivência civilizada com quem discorda dele. No caso do presidente da República, é preciso reconhecer que os opositores, estejam no Congresso, nos estados ou nas prefeituras, também foram eleitos e têm todo o direito de expressar suas posições.
Jair Bolsonaro (PSL) costuma derrapar nessas regras básicas. Ele gosta de manter o clima de confronto da campanha, em vez de procurar o entendimento. No governo, isso é um problema.
Um caso recente foi o mal-estar que o presidente provocou ao ser ouvido falando em “governadores de paraíba”, acrescentando que o do Maranhão era o pior de todos e não deveria receber nada do governo federal. A maioria dos governadores do Nordeste é de oposição.
Bolsonaro passou dias tentando consertar a declaração preconceituosa. Na terça-feira (23), armou um verdadeiro teatro na inauguração de um aeroporto em Vitória da Conquista, na Bahia.
Usou chapéu de couro, arranjou uma plateia favorável e disse que sua filha tem “sangue de cabra da peste”. O governador da Bahia, que é petista, não deu as caras na cerimônia.
O PT já foi acusado, com razão, de jogar seus eleitores contra os adversários, na base do “nós contra eles”. Os bolsonaristas mais inflamados querem dar o troco. Já passa da hora de acabar com essa brigalhada no eleitorado.
É possível discordar com civilidade, e cabe aos políticos dar o exemplo.
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