Linha dura na segurança

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As estatísticas indicam que a elevadíssima taxa de homicídios do Brasil voltou a cair neste ano, acentuando uma tendência iniciada no final de 2017.

No primeiro semestre, o número de vítimas de assassinatos caiu 22% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados das polícias estaduais.

Crimes contra o patrimônio, incluindo roubos de veículos e assaltos a bancos, também estão em declínio.

Os especialistas ainda não têm explicações sólidas para essa melhora. Falam em polícias mais efetivas e menos disputas entre facções criminosas, mas apenas na base das suposições.

O governo Jair Bolsonaro correu para faturar os números, apontando o isolamento dos líderes das facções após sua transferência para presídios federais e o discurso duro adotado desde a campanha eleitoral contra os criminosos.

Falar grosso certamente rende votos, como sabem Bolsonaro e governadores como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ). Mas daí a imaginar que isso tenha intimidado a bandidagem vai uma grande distância. Basta dizer que também houve redução de homicídios nos estados governados pela oposição.

É preciso cuidado com os efeitos dessa pregação linha-dura. Há sinais, por exemplo, de que as polícias se tornaram mais violentas neste ano. No estado de São Paulo, o número de pessoas mortas por agentes aumentou 11,5% no primeiro semestre. No Rio, onde a situação já era muito mais dramática, o crescimento foi de 18% entre janeiro e outubro. 

É bom que a segurança pública esteja merecendo mais atenção dos governantes e dos políticos. Mas não o problema não pode nem vai ser resolvido na base do estímulo à brutalidade.

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