Fome de emprego

Já foi o tempo em que os restaurantes populares, com refeições de R$ 1 a R$ 3, geralmente subsidiadas por prefeituras e governos, eram mais frequentados por pessoas em situação de rua ou famílias vivendo em pobreza extrema.

Reportagem publicada pelo Agora mostra que, seja pelo desemprego ou pela informalidade, mais brasileiros têm recorrido a esses estabelecimentos para cortar gastos ou até mesmo ter condições de almoçar no meio da semana.

Um prato feito de qualidade semelhante pode custar entre R$ 10 e R$ 15. Para quem está na correria atrás de um emprego, a opção "alivia a situação de muita gente", como explica um baiano de 64 anos, que mora nas ruas de Salvador.

Ainda que as estatísticas apontem uma queda no número de desempregados no Brasil (de 13,3 milhões no primeiro trimestre de 2019 para 12,4 milhões no terceiro trimestre), a recuperação só ocorre por causa da explosão do trabalho informal. São cerca de 38,7 milhões de brasileiros nessa situação.

A informalidade até reduz a parcela de desocupados na população economicamente ativa, mas proporciona rendimentos menores e não oferece o vale-refeição, muito utilizado pelos trabalhadores com salários mais baixos.

Além do preço, a comida de boa qualidade é um atrativo. Os restaurantes populares têm recebido aposentados, cabeleireiros, porteiros, arrumadeiras e até mesmo profissionais desempregados com nível superior --caso de uma enfermeira de 36 anos em São Paulo, que há três busca um trabalho na área.

A recessão de 2014-16 aumentou a pobreza e ainda está longe de ser superada. Que 2020 seja mesmo o ano da retomada dos empregos, vital para o país.

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