A morte do miliciano
Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados
Você atingiu o limite de
5 reportagens
5 reportagens
por mês.
Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login
Ainda pairam dúvidas sobre as circunstâncias que provocaram a morte de Adriano Nóbrega, o ex-capitão da PM do Rio de Janeiro encontrado por policiais no domingo (9), em um sítio na Bahia, depois de mais de um ano foragido.
O ex-PM do Bope era acusado de ser o chefe da milícia da favela de Rio das Pedras, o grupo mais antigo da cidade. Adriano foi preso diversas vezes, condenado por homicídio, expulso da polícia por ligação com o jogo do bicho e apontado como chefe da quadrilha de matadores da qual faria parte o PM aposentado Ronnie Lessa, acusado no assassinato da vereadora Marielle Franco.
Em 2019, investigações do Ministério Público do Rio revelaram conexões entre o miliciano e o senador Flávio Bolsonaro quando este era deputado estadual.
Adriano mantinha a mãe e a mulher no gabinete do filho do presidente. Contas controladas por ele destinaram grana a Fabrício Queiroz, ex-assessor da família Bolsonaro tido como o operador da "rachadinha" --esquema que desvia ilegalmente salários dos funcionários.
Há mais fatos estranhos. Flávio homenageou o ex-capitão na Assembleia do Rio com moção de louvor e medalha. Até Jair Bolsonaro fez um discurso em sua defesa quando era deputado federal.
Diante de tudo isso parece óbvio que, preso, Adriano poderia ajudar a esclarecer as atividades das milícias e suas ramificações. Não é à toa, portanto, que suspeita-se de uma possível "queima de arquivo". Pela versão oficial, o foragido resistiu à bala e foi morto em confronto.
A dúvida é se o fato de o ex-capitão estar isolado em área rural não favoreceria uma atuação mais cautelosa da PM, de modo a preservar a sua vida --e os relatos que poderia oferecer à Justiça.