Bolsonaro isolado
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O presidente Jair Bolsonaro parece ter criado a sua própria quarentena. Desde que assumiu o cargo, isolou-se da sabedoria, da liderança, da ciência, do bom senso e da boa prática política.
A atitude estúpida de encontrar seus apoiadores radicais neste domingo (15), em Brasília, indica que o país não contará com o seu líder máximo no combate ao coronavírus, uma causa urgente.
Pelo contrário, o presidente ameaça ser um obstáculo ao imenso trabalho para reduzir o impacto que a doença causará no sistema de saúde, no bem-estar de milhões de brasileiros e na economia.
O melhor, portanto, é deixá-lo isolado no Planalto, falando e fazendo asneiras sozinho, enquanto os capacitados se incumbem dessa tarefa monumental.
Os ministros ainda lúcidos, como o da Saúde e o da Economia, podem articular-se diretamente com os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo, bem como com os governadores dos estados.
O presidente não faria mal em delegar a uma autoridade nacional o enfrentamento da epidemia e de suas consequências, assim como ocorreu com o racionamento de energia em 2001.
De um jeito ou de outro, informações e decisões devem ser ancoradas em evidências, de forma técnica e com respeito à população. Com boa parte dos trabalhadores vivendo de bico (sem falar dos desempregados), milhões poderão até ficar sem ter o que comer. Para esses brasileiros, o socorro é prioritário.
Diante desse desafio, cujo sucesso será avaliado em vidas e empregos poupados, seria desperdício de tempo preocupar-se com as bizarrices de Bolsonaro. Que permaneça em seu confinamento particular até que a crise esteja superada. Todos terão a ganhar.