Calamidade pública
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Enquanto o Brasil registra as primeiras mortes provocadas pelo coronavírus, o governo Jair Bolsonaro toma, em meio a falas desencontradas, as primeiras medidas fortes. Entre elas está o pedido ao Congresso de reconhecimento do estado de calamidade pública.
Em termos práticos, isso abre caminho para aumentar gastos públicos com o objetivo de combater a doença e seus efeitos econômicos. Nesta quarta (18), foram prometidos R$ 15 bilhões em três meses para os trabalhadores informais.
A iniciativa parece boa, mas ainda carece de mais detalhes. Espera-se que ao menos as ações do governo se mostrem mais oportunas e coerentes do que as declarações de Bolsonaro. Em confusa entrevista coletiva, cercado de ministros, o presidente estava mais preocupado em repetir bravatas do que em aprender o uso correto da máscara.
Além de apontar a calamidade pública, o governo estabeleceu punições a quem descumprir ordens médicas, inclusive com o uso de força policial.
Todas as unidades da Federação estão suspendendo as aulas nas escolas públicas e particulares e limitando as atividades nas repartições. Em São Paulo, cidade mais atingida, o prefeito Bruno Covas (PSDB) decretou situação de emergência e determinou o fechamento de todos os aparelhos culturais.
Nada disso é um exagero. Como a Covid-19 se alastra velozmente entre a população, a demora para agir pode levar a um colapso do sistema de saúde, como tem sido visto na Itália e no Irã.
Medidas de isolamento e quarentena provocam queda brutal na economia, com consequências terríveis para os mais pobres. A um custo alto, esta calamidade pode, ao menos, ser atenuada.