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Durou bem menos que uma novela o turbulento casamento da atriz Regina Duarte com o governo Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira (20), menos de três meses após assumir a Secretaria Especial da Cultura, a artista deixou o cargo.
As partes se esforçaram em mostrar que o divórcio não foi litigioso. Em vídeo gravado ao lado do presidente, uma sorridente Regina anunciou que passará a comandar a Cinemateca Brasileira --como se não fosse um vexame aceitar uma outra boquinha no governo.
A saída de cena da atriz só aprofunda a lambança que se instalou desde 2019 na gestão federal da cultura, palco de caos administrativo, picuinhas ideológicas e trocas sucessivas de comando.
Quarta comandante a assumir a pasta, Regina foi vista inicialmente como uma esperança para a comunidade artística, mas logo demonstrou falta de capacidade para a função. Sem fazer nem propor nada de muito importante, terminou engolfada pela guerrilha bolsonarista e por intervenções externas.
Mais uma vez, a autonomia prometida por Bolsonaro revelou-se um embuste, e a atriz teve liberdade mínima para nomear gente de sua confiança.
Protagonizou ainda episódios constrangedores, como a desastrosa entrevista à CNN Brasil, em que declarou nostalgia pelas patriotadas dos tempos da ditadura militar. Também ignorou publicamente as mortes de nomes importantes das artes nacionais.
Seja pelo histórico recente, seja pela aversão bolsonarista às artes e à educação, pouco se pode esperar do sucessor de Regina. Desta forma, a cultura brasileira vai sucumbindo ao peso da conveniência política, do obscurantismo fanático e da ignorância orgulhosa.