Reportagem publicada pelo Agora na quinta-feira (14) é um banho de água fria na esperança de que a tecnologia pudesse amenizar os efeitos da pandemia na educação: “Menos da metade dos alunos do estado acessa ensino online”.
O problema não está no ensino a distância como tal. Ferramentas de aulas, atividades e exercícios nas telas de TV, computador ou celular representam um recurso adicional que pode e deve ser empregado de maneira produtiva.
A dificuldade, na verdade, é oferecer esse modelo de forma igualitária. Por mais que o acesso a meios eletrônicos tenha se popularizado, ainda está longe de atingir todos os estudantes.
O governo paulista, ciente de que o tráfego de dados impacta as despesas das famílias, tornou-os gratuitos para o uso do aplicativo educacional. Ainda assim, só 1,6 milhão dos 3,5 milhões de alunos (47%) completaram acesso ao programa pelo celular pelo menos uma vez.
Isso não quer dizer que tenham assistido a todas as aulas. Para piorar, a comunicação é falha. Alunos relatam que não sabem quais aulas estão disponíveis.
E não é só a questão do acesso digital. No ensino tradicional, existe a rotina de frequentar a escola e receber a merenda. Sob a pandemia, há pouco estímulo para concentrar-se na frente de uma tela.
Sairão mais prejudicados aqueles jovens e crianças que, em condições normais, já carecem de incentivos familiares e sociais para conseguir estudar.
A depender do período de distanciamento social, em algum momento caberá discutir se não seria o caso de promover automaticamente todos os alunos. No presente, porém, a prioridade é aperfeiçoar a comunicação para ampliar o uso dessa tecnologia.
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