Pesquisar a Covid-19

Devido à enorme subnotificação, dimensionar a presença da Covid-19 entre os brasileiros é simplesmente impossível. Esse levantamento, porém, é fundamental para enfrentar a doença.

Apenas com dados mais precisos será possível projetar o avanço da epidemia, descobrir quais as regiões mais afetadas, planejar medidas de contenção e, em última instância, decidir quando as atividades cotidianas poderão ser retomadas.

Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo - Zanone Fraissat- 7.mai.20/Folhapress

Para suprir essa carência, começou na semana passada um imenso estudo populacional. A pesquisa, liderada pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e financiada pelo Ministério da Saúde, testará 99.750 pessoas de 133 municípios de todo o país para descobrir quem já teve contato com o novo coronavírus.

Dessa forma será possível, entre outras coisas, estimar a parcela da população com anticorpos para o vírus, medir a velocidade de expansão, descobrir o percentual de infecções assintomáticas e determinar a taxa de mortalidade.

Nesta primeira fase, contudo, pesquisadores em diversas cidades têm sido surpreendidas por situações absurdas. Segundo relatos, os profissionais foram detidos pela polícia para prestar esclarecimentos, proibidos de cumprir suas funções por prefeituras e agredidos nas ruas; testes foram destruídos e, em casos extremos, algumas equipes tiveram de abandonar municípios.

Aparentemente, a principal razão para os problemas foi falha de comunicação por parte do Ministério da Saúde.

Essa pesquisa já detectou que a taxa de infectados entre os gaúchos é de 9 a 12 vezes o número oficial. Para que seja possível avaliar o quadro nacional, espera-se que os pesquisadores tenham, no mínimo, condições de trabalho.

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