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Neste momento de caos econômico, a concessão de um auxílio temporário de R$ 600 para os trabalhadores de baixa renda é urgente. Mas a ajuda do governo federal para cerca de 50 milhões de brasileiros, com custo total na casa dos R$ 100 bilhões, tem esbarrado em graves problemas de logística.
Apesar de a tarefa ser de fato gigantesca, são deploráveis as cenas de pessoas pobres, muitas delas com problemas de saúde, encarando filas intermináveis em agências da Caixa Econômica Federal para tentar retirar o dinheiro. E essas aglomerações ocorrem justamente quando a pandemia está se agravando.
Cabe aqui questionar se a decisão de concentrar todo o trabalho na CEF foi mesmo a melhor solução. Com mais bancos espalhados pelo país, a própria rede privada poderia prestar algum apoio.
A dor de cabeça, na realidade, já começou pelos meios eletrônicos oferecidos para cadastrar e habilitar os que teriam direito à ajuda. Foram vários os relatos de lentidão, queda de sistema e outros problemas técnicos e burocráticos.
Diante do quadro, a Caixa anunciou que vem tomando providências e teria registrado na quarta-feira (6) "redução considerável" das filas em todo o país.
Os próximos dias revelarão se a prestação do serviço de fato melhorou --ainda mais se o número de beneficiários vier, como se teme, a aumentar.
A maratona inglória expõe uma tradição cultural perversa de pouca consideração com os brasileiros mais pobres. Há, ainda, uma deficiência que precisa ser enfrentada: a falta de um sistema digital de identidades e cadastros públicos.
Tecnologia para tal já está disponível, como atestam, aliás, os dois países mais populosos do planeta, a China e a Índia.